sexta, 26 de abril de 2024
Varejo Vendas

Queda nas vendas do varejo em dezembro abranda expectativas de retomada

Apesar de não alterar o resultado positivo do setor no segundo semestre de 2019, contração arrefece ânimos para primeiro trimestre de 2020

12 fevereiro 2020 - 11h27Por Tiago Tristão

▪ O volume de vendas do comércio varejista variou -0,1% mom em dezembro na comparação com novembro (abaixo da mediana de 0,2% das projeções - Broadcast). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou crescimento de 2,6% YoY.

 ▪ A queda de 0,1% mom interrompeu sete meses seguidos de crescimento, período no qual acumulou ganho de 3,5%. O volume de vendas segue 2,7% abaixo do nível de 2014.

▪ O volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) recuou -0,8% mom e avançou 4,1% na comparação interanual.

Em 2019 o comércio varejista apresentou crescimento de 1,8%, enquanto o varejo ampliado acumulou crescimento de 3,9%.

Vendas varejo ampliado

Evolução Recente

O resultado levemente negativo em dezembro do varejo restrito não altera a o resultado positivo do setor no segundo semestre de 2019, porém, diminui um pouco a expectativa de uma retomada mais forte e contínua ao longo do primeiro trimestre de 2020.

A variação próxima da estabilidade foi puxada pela contração de 1,2% na atividade de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios. A alta da inflação de alimentos (puxada pela alta no preço de carnes) provavelmente contribuiu para a queda no volume de vendas de dezembro. A inflação de alimentos subiu de 4,5% em dezembro de 2018 para 7,8% em dezembro de 2019, impactando negativamente na atividade de hipermercados, que corresponde a mais de 40% do volume de vendas do varejo restrito.

A forte queda de 0,8% mom no volume de vendas do varejo ampliado é explicada pela contração da atividade de veículos e autopeças. Em dezembro o volume de vendas caiu 4% em relação a novembro, acumulando uma queda de 5,5% no último bimestre do ano passado. O setor continua muito fragilizado com a queda da demanda externa, situação que deve perdurar pelo menos ao longo do próximo trimestre.

No geral, o segundo semestre apresentou melhora das vendas no varejo, com arrefecimento em novembro. O resultado positivo do segundo semestre provavelmente teve influência positiva da liberação dos saques do FGTS a partir de setembro. Contudo, temos observado a recuperação da população ocupada (com melhora significativa do mercado de trabalho formal), da massa de rendimentos e das concessões de crédito à pessoa física. Portanto, mantemos expectativa positiva para as vendas no varejo nos próximos meses e projetamos um crescimento médio de 0,4% mom ao longo de 2020.

Mantemos nossa projeção de crescimento do PIB para o quarto trimestre de 2019 de 0,4% qoq. Com isso, o PIB deve apresentar crescimento de 1,2% em 2019.