Por Roberto Samora, da Reuters – A safra de café do Brasil deste ano foi estimada nesta terça-feira em 46,9 milhões de sacas de 60 kg, quase 2 milhões de sacas abaixo da previsão de maio, com uma colheita de grãos arábica menor do que a esperada, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Com isso, a produção total de café do Brasil, incluindo arábica e canéfora (robusta/conilon), cairá 25,7% na comparação com o recorde de 2020, de mais de 63 milhões de sacas.
Uma redução maior na comparação anual só não foi registrada porque a safra de robusta e conilon atingiu uma nova máxima histórica.
Segundo a Conab, a queda no geral se deve ao ciclo de bienalidade negativa do café arábica, que alterna anos de alta e baixa produtividade, e ao impacto da seca em várias regiões produtoras.
"O Brasil só teve uma safra menor que esta em 2017 (45 milhões de sacas)", notou o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, em apresentação pela Internet.
Ele explicou que a redução de pouco mais de 2 milhões de sacas ante o último ano de baixa bienalidade (2019) pode ser atribuída à seca, mas disse que os números apontam que o maior produtor e exportador global terá oferta suficiente para atender seus compromissos externos e internos –o país também é o segundo maior consumidor global da bebida.
A safra de café arábica no país foi prevista em 30,7 milhões de sacas, ante 33,36 mi sacas na estimativa anterior. Tal previsão sinaliza redução de 36,9% na comparação com o ciclo passado.
Para a safra de 2022, que seria a de alta na bienalidade, Farnese ponderou que as geadas deste ano terão o seu efeito negativo.
Contudo, ele disse que a Conab está finalizando levantamento dos prejuízos efetivos, para que o governo desenhe as linhas de crédito "de maneira que aqueles que tiveram perdas continuem na produção".
O Conselho Monetário Nacional (CMN) reservou montante de 1,32 bilhão de reais para apoio a cafeicultores que sofreram perdas por geadas.
Para o futuro, Farnese citou um aumento da área de cafezais em formação, na esteira de preços mais elevados, o que deverá impulsionar a produção nas próximas safras.
Já a área em produção em 2021, estimada em 1,8 milhão de hectares, é 4,4% menor que na safra anterior, também colaborando para a colheita menor, segundo a Conab.
Recorde no canéfora
De outro lado, a Conab elevou a previsão de safra 2021 de café canéfora (robusta/conilon) do Brasil para 16,15 milhões de sacas, ante 15,44 milhões na projeção de maio. Esse volume representa crescimento de 12,8% ante o ciclo anterior.
Segundo o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Maurício Lopes, além de o pé de canéfora ser mais resistente ao tempo seco, produtores estão colhendo os frutos do avanço tecnológico da cultura e melhores tratos.
A produtividade média do conilon/robusta atingiu um recorde de 42,9 sacas por hectare, com alta de 10,6% ante a safra passada.
O terceiro levantamento da safra foi realizado entre agosto e setembro. Na ocasião, a colheita da safra 2021 já estava em fase final de execução.