Por Luana Maria Benedito, da Reuters – O Itaú adotou projeções mais pessimistas para o crescimento econômico brasileiro tanto em 2021 quanto em 2022, esperando ainda inflação, juros e dólar mais altos do que o estimado anteriormente.
Segundo nova revisão de cenário, o Itaú espera agora que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 5,3% neste ano e apenas 0,5% no próximo, ante estimativas anteriores de 5,7% e 1,5%, respectivamente.
A piora significativa na conta para 2022 é reflexo de expectativa de taxa Selic mais alta à frente, disse o Itaú em relatório assinado por seu economista-chefe, Mario Mesquita. O banco espera agora que os juros básicos cheguem a 9% ao final do atual ciclo de aperto monetário, ante estimativa anterior de 7,50%.
"O cenário inflacionário continuou se deteriorando e riscos permanecem elevados", escreveu o Itaú, citando as pressões representadas pela crise hídrica e pela incerteza fiscal. "Nesse contexto, acreditamos que o Copom ainda não enxergará condições para indicar redução do ritmo de elevação da taxa Selic."
O Itaú espera que o Banco Central anuncie ao longo das próximas reuniões três elevações consecutivas de 1 ponto percentual e uma última alta de 0,75 ponto, de forma que a Selic chegue aos 9% em fevereiro de 2022. A projeção anterior era que o atual ciclo de aperto levaria a taxa básica de juros a 7,5%.
Também houve revisão para cima nas expectativas de inflação, e o Itaú espera agora que o IPCA suba 8,4% neste ano e 4,2% no próximo. Antes, a projeção era de altas de 7,7% e 3,9%, respectivamente.
"A inflação permanece pressionada e com alta disseminada", alertou o banco. "As medidas de inflação subjacente seguem rodando pressionadas e acima do compatível com a meta de inflação, tanto em bens, que ainda não mostraram sinais de arrefecimento, quanto em serviços, já com sinais de aceleração em itens mais inerciais."
A meta de inflação para 2021 é de 3,75% e, para 2022, é de 3,5%, nos dois casos com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Sobre o cenário fiscal, o Itaú destacou um aumento dos riscos em meio à perspectiva de perdas com a reforma do Imposto de Renda, de maiores pressões para aumento do Bolsa Família e das dificuldades de conciliar o cumprimento do teto de gastos com a aceleração da inflação.
Com o aumento das incertezas relacionadas à trajetória das contas públicas somando-se ao cenário já desafiador, o Itaú também elevou suas estimativas para os patamares do dólar. A moeda norte-americana deve encerrar este ano em 5,00 reais e o próximo em 5,20 reais, disse o banco, contra previsões anteriores de 4,75 e 5,10, respectivamente.
"Ainda acreditamos que há fundamentos importantes que justificam a apreciação (do real) em relação aos patamares atuais, entre eles a taxa Selic mais alta e os preços de commodities elevados … No entanto, as incertezas domésticas (especialmente relacionadas à evolução das contas públicas nos próximos anos) impedem uma apreciação mais expressiva da moeda", afirmou o relatório.