Projeções

Programa de compras de títulos do Fed pode estar de saída, mas não vai muito longe, dizem analistas

Medida serviu ao seu propósito, mas não se pode afirmar que ela teria sido suficiente para compensar a recessão de 2020 sem os gastos autorizados pelo Congresso, avaliam

- REUTERS/Kevin Lamarque
- REUTERS/Kevin Lamarque

Por Howard Schneider, da Reuters – O Federal Reserve começará a reduzir seu programa de compra de títulos da era da pandemia ainda este ano, deixando o banco central dos Estados Unidos com um balanço patrimonial de mais de 8,5 trilhões de dólares antes que as compras se encerrem em meados de 2022, e está chegando um possível debate sobre o que fazer de diferente da próxima vez.

A resposta rápida pode ser "nada": ao quase dobrar o tamanho da carteira de títulos desde o início da pandemia, no início de 2020, o Fed ajudou a estabilizar os mercados financeiros, usou suas compras em andamento para sinalizar que lutaria contra a crise econômica pelo tempo necessário e agora planejou seu encerramento sem "tantrum" (forte movimento de vendas) do mercado.

O chair do Fed, Jerome Powell, disse a repórteres na quarta-feira (22) após o fim de sua reunião de política monetária que o banco central começará a reduzir seus 120 bilhões de dólares em compras mensais de ativos "em breve" e as encerraria em meados do ano que vem.

O programa "serviu ao seu propósito", disse Tom Garretson, estrategista sênior de portfólio da RBC Wealth Management.

O maior problema, Garretson e outros notaram, é que além do impacto inicial nos mercados financeiros, não é certo que a compra de títulos do Fed teria sido suficiente para compensar a profunda, embora curta, recessão do ano passado sem os gastos governamentais expressivos que foram autorizados pelo Congresso.

A conclusão? A política monetária administrada pelo Fed e os programas fiscais implementados por autoridades eleitas também precisarão se unir em futuras recessões.

"A lição dominante … é que as ferramentas do Federal Reserve e de outros bancos centrais são substancialmente inadequadas para lidar com um enfraquecimento material da atividade econômica, e os formuladores de políticas fiscais precisam reconhecer isso", disse David Wilcox, ex-chefe da divisão de pesquisa do Fed e agora membro sênior do Peterson Institute for International Economics.

Para o Fed, a pandemia consolidou suas compras antes "não convencionais" de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas como parte central da política monetária, a forma preferida de continuar ajudando a economia, uma vez que a taxa básica de juros "overnight" do banco central foi reduzida a perto de zero.

Em uma audiência no Congresso na quinta-feira, o economista do Roosevelt Institute Mike Konczal disse que isso deveria ser uma parte permanente da política do Fed.

Esses esforços "foram mais bem-sucedidos do que as pessoas imaginam" em conter os custos de empréstimos para governos e empresas locais, disse Konczal, e são "uma evolução da política monetária não convencional … que provavelmente permanecerá conosco".

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