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O que muda nos Brics em 2024?

Com entrada de novos países, bloco tende a se fortalecer, principalmente pelo peso de alguns países, como China

O que muda nos Brics em 2024?

A ampliação do número de membros do Brics estava sendo discutida há alguns meses. Até 2023, eram cinco os países que compunham o bloco: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Agora, terminadas as discussões sobre a entrada de mais nações, esse número irá aumentar.

Além de facilitar as operações de comércio exterior, já que os países participantes do Brics seguem regras em comum, muitas mudanças vêm aí com a chegada de outras nações. Confira.

Quem entrou para o Brics

Mudando de cinco para onze integrantes, além dos países que já participavam do bloco, passaram a integrar o Brics: Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

O convite foi feito no dia 24 de agosto, e os países selecionados devem se adequar às condições estabelecidas pelos fundadores. A partir do dia 1º de janeiro de 2024, os novos integrantes já devem fazer parte do Brics e tomar decisões ao lado dos outros cinco países.

O que muda para o Brasil

A China passou a ter bastante peso com a entrada dos seis novos integrantes, isso na questão geopolítica. O atual presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, acredita que esse crescimento do Brics melhore as negociações com regiões mais desenvolvidas, como a Europa e os Estados Unidos.

No entanto, os especialistas em economia e política mundial acreditam que isso não acontecerá. Ao contrário, para eles, o Brasil tende a perder influência nas decisões do grupo.

Segundo Lia Valls Pereira, pesquisadora associada à Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao G1, “para o Brasil, que sempre defendeu a importância do Sul Global, interessa que se amplie o Brics, apesar da perda de força interna. Quando você amplia o grupo [de cinco para 11 países], a força da voz do Brasil diminui”.

Já o pesquisador Renato de Almeida Vieira e Silva,  também em entrevista ao G1, avalia que o Brasil precisará de jogo de cintura para “participar de um grupo no qual alguns posicionamentos possam contrariar aquilo que o país defende nos demais fóruns internacionais, como questões ligadas às liberdades individuais e democráticas, direitos humanos e sociais, costumes”. 

China e aumento da influência geopolítica

Atualmente a China já é o país com maior peso no Brics e, segundo a avaliação de Igor Lucena, doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa, o objetivo é liderar um grupo que possa ter peso contra o G7.

Com a chegada de países que também têm opiniões antiocidentais, o Brasil perde peso em suas decisões, sendo que, enquanto o grupo era composto apenas pelos cinco países, servia de contraponto nessas questões que, normalmente, envolviam a China e a Rússia.

Poucas mudanças no comércio internacional

Para Paulo Roberto de Almeida, ex-diplomata, a decisão de aumentar o número de países do Brics, que a partir de 2024 passa a se chamar Brics+, é basicamente política.

Apesar da existência do bloco, não existe um acordo comercial entre os países, então, do ponto de vista comercial, só será vista uma grande mudança se surgirem acordos preferenciais ou a decisão de explorarem novos mercados em conjunto.

Além disso, Igor Lucena também comentou sobre o crescimento apresentado pela China e pela Índia, ressaltando não ter relação com o fato de ambos os países serem parte do Brics. 

“É uma falácia dizer que a entrada de novos players no Brics vai mudar de fato características econômicas e de investimentos entre esses países. Esses players têm problemas econômicos e políticos dos mais diversos. A agenda comercial não muda e dificilmente a gente vai ver um sentido de médio ou longo prazo”, comentou o doutor em Relações Internacionais.

Lia Valls também observou que os novos participantes, com exceção da Argentina, que está mais próxima geograficamente do Brasil, não têm muito peso nas relações de comércio exterior brasileiro. De qualquer forma, acredita haver espaço para crescimento e criação de um ambiente mais favorável para investimentos com o Brics+.

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