sexta, 29 de março de 2024
Vale

Vale: como os analistas avaliam as metas de produção e de dívida da mineradora?

18 setembro 2020 - 09h22Por Investing.com

Por Ana Julia Mezzadri

Investing.com - Ocorreu na última quarta-feira (17) o Investor Tour da Vale (SA:VALE3), uma conferência virtual entre a empresa e seus investidores. No evento, o time de administração da companhia ofereceu uma explicação detalhada sobre os próximos passos para a recuperação nos volumes do minério de ferro, além da situação de Brumadinho e da meta de dívida, que foram muito bem recebidos pelos analistas.

No geral, segundo relatório do BTG Pactual (SA:BPAC11) publicado ontem, o tom foi positivo e indica que os volumes de produção, atualmente em 318 milhões de toneladas (t) por ano, podem crescer novamente para cerca de 400M t por meio de melhorias nos Sistemas Norte, Sul e Sudeste - mas, aponta o banco, como citou Luciano Siani (CFO), “é um caminho complicado”.

Como destaca o Safra em seu relatório, por meio da criação de buffers de capacidade, “a administração reforçou que tem todos os ativos para entregar seu plano e que está trabalhando para superar as limitações impostas por licenciamentos, abertura de novos poços, aumento da segurança e descomissionamento de barragens, estações de filtragem e soluções de ‘dry stacking’”.

Outro ponto de destaque e, na visão da UBS, positivamente supreendente, é o objetivo da companhia de alcançar dívida líquida expandida, que inclui dívida contábil, provisões de Brumadinho, aluguéis, impostos, swaps de moeda e provisões para a Fundação Samarco Renova, de US$ 10 bilhões até o fim de 2020, atualmente em US$ 15 bilhões.

A redução da dívida abre espaço para a distribuição da maior parte do excesso de caixa via dividendos, visto que não há projetos muito dispendiosos pela frente. Na visão do BTG, isso é um bom sinal e vai de encontro com sua previsão de rendimentos potenciais de dividendos de 15% para 2021. O Safra, por sua vez, acredita que a Vale poderia pagar dividendos de cerca de 8% ao ano.

A empresa demonstrou ainda que tem atuado para resolver problemas de fluxo de caixa, como Vila Nova Caldeônia, o mercado de carvão e a retomada das atividades da Samarco.

Finalmente, a Vale tem feito avanços em suas iniciativas de ESG, com redução de 33% de emissões para 2030 e carbono neutra em 2050. Na visão da Ativa, isso faz parte das iniciativas da Vale para se tornar uma “true corporation” e uma referência em segurança.

Outros pontos que jogam a favor da empresa, destacados pelo Safra em seu relatório, são a alta qualidade do minério de ferro, que não necessita de custos com processos de purificação e o mix de estoques offshore. A Ativa pontua também a melhora da qualidade do portfólio da Vale, com predominância de produtos premium, e a criação de alternativas para reduzir a dependência em barragens em primeiro plano.

Um ponto visto como negativo é a dificuldade em avançar em um acordo com promotores na solução das questões de Brumadinho. A empresa diz estar procurando o acordo “certo”, mas não deu clareza sobre previsões. Até então, a companhia já desembolsou R$ 10 bilhões e já assinou 33 acordos. A diminuição da percepção de riscos relacionados à ação depende amplamente do desenvolvimento dessas soluções.

Além disso, como destaca o Safra, há riscos relativos ao aumento de capacidade, pois depende da obtenção de licenças, aprovações de órgãos reguladores e certificações. Outros riscos levantados pelo banco são a desaceleração do mercado chinês, o aumento na volatilidade dos preços das commodities, as flutuações cambiais e uma possível intervenção governamental.

Recomendação

Depois das informações compartilhadas pela administração da Vale, o BTG reitera recomendação de compra e escolha de top pick do setor, com preço-alvo de US$ 14 para as ADRs (NYSE:VALE) negociadas em Nova York, argumentando que “as ações da Vale estão inegavelmente baratas sob qualquer métrica”. O Safra também recomenda compra, com -preço-alvo de R$ 74,40, “com base nas tendências de produção favoráveis, bem como no forte fluxo de caixa esperado e retornos de dividendos potenciais atraentes”.

A Ativa também recomenda compra, com preço-alvo de R$ 72,15, “acreditando no sucesso de sua estratégia em se firmar como uma ofertante premium best in class, na evolução de sua agenda ESG, diante do vencimento do atual acordo de acionistas em novembro, no alcance do retorno progressivo ao nível produtivo de 400 milhões de toneladas de minério de ferro em 2022 e, por conseguinte, diante da possibilidade de extração de maiores prêmios em seu core business.”

Finalmente, a UBS também recomenda compra, com preço-alvo de US$ 13,30 por ação nas ADRs. O Morgan Stanley (NYSE:MS) classifica a ação como Overweight, com preço-alvo de US$ 13,30.

Nesta quinta-feira, as ações da Vale puxaram a alta do Ibovespa ao fechar com ganhos de 1,85% a R$ 62,10, oscilando entre mínima de R$ 60,11 e máxima de R$ 62,42, com R$ 1,93 bilhão de volume negociado. Em Nova York, as ADRs subiram 2,5% a US$ 11,88, variando entre US$ 11,39 e US$ 11,94.

Dividendos

O conselho de administração da Vale tinha aprovado, na semana passada (10), o pagamento de proventos aos seus acionistas no valor total de R$ 2,4075 por ação ON. Serão pagos R$ 1,4102 na forma de dividendos, e R$ 0,9973 como Juros sobre Capital Próprio (JCP). Os pagamentos serão realizados de acordo com a posição acionária do dia 21 de setembro. Assim, as ações e American Depositary Receipts (ADRs) da Vale passam a ser negociadas ex-direitos no dia 22. O crédito será feito aos acionistas no dia 30. (Com contribuição de Estadão Conteúdo)