2023 foi um ano conturbado para o mercado de bancos e nos mostrou cada vez mais o quanto o banco vencedor não pode depender apenas do mercado de crédito.
A fraude da Americanas (AMER3) e outros episódios de recuperação judicial, alinhados a um maior endividamento das famílias no pós-pandemia de COVID-19, fizeram com que o mercado ficasse mais avesso ao risco e aumentasse a régua para a concessão de crédito.
Com o obstáculo, ficou cada vez mais claro que os melhores bancos serão os que trouxerem mais rentabilidade em seus negócios, com qualidade de seus empréstimos, inadimplência controlada, uma vasta gama de produtos e serviços, além de um bom múltiplo com visibilidade de resultados.
Alguns resultados decepcionaram a Nord Research em 2023, enquanto outras oportunidades surgiram, como aponta a analista Giulia Nicola.
Ela vê o Bradesco (BBDC4) numa contínua redução de risco, uma vez que observa o crescimento diminuir e o foco da instituição em linhas de crédito mais seguras.
"Com as mudanças, o mercado espera uma recuperação à frente, mas enquanto ela não vem (se vier), os resultados continuam fortemente impactados", opina.
O índice de inadimplência acima de noventa dias foi reportado em altos 5,6% no terceiro trimestre passado, com a continuação do aumento da inadimplência em prazos maiores na comparação anual, mas em uma leve melhora em relação ao trimestre anterior.
Já o NPL entre quinze e noventa dias ficou em 4,10%.
"Por isso, ao contrário da maioria dos bancos, o Bradesco reportou uma queda de -12% no lucro líquido, e uma queda em sua rentabilidade de -2 p.p., com um ROAE de apenas 11,39%, bem abaixo de seus pares", comenta Nicola.
Com a maior ciclicidade do negócio de crédito, a analista acredita que o banco deve se manter durante alguns trimestres em uma situação complicada, diante da sua maior exposição aos clientes de baixa renda aliada a juros altos e inflação alta.
Apesar da entrega de um dividend yield 2024E de cerca de 6%, mas com a falta de visibilidade de resultados futuros, e com negociações a um múltiplo de 11x, a Nord Research recomenda ficar de fora das ações do Bradesco (BBDC4).