2023 foi um ano conturbado para o mercado de bancos e nos mostrou cada vez mais o quanto o banco vencedor não pode depender apenas do mercado de crédito.
A fraude da Americanas (AMER3) e outros episódios de recuperação judicial, alinhados a um maior endividamento das famílias no pós-pandemia de COVID-19, fizeram com que o mercado ficasse mais avesso ao risco e aumentasse a régua para a concessão de crédito.
Com o obstáculo, ficou cada vez mais claro que os melhores bancos serão os que trouxerem mais rentabilidade em seus negócios, com qualidade de seus empréstimos, inadimplência controlada, uma vasta gama de produtos e serviços, além de um bom múltiplo com visibilidade de resultados.
Alguns resultados decepcionaram a Nord Research em 2023, enquanto outras oportunidades surgiram, como aponta a analista Giulia Nicola.
Banco do Brasil (BBAS3): comprar, manter ou vender ações?
Entre os quatro maiores bancos brasileiros, o Banco do Brasil (BBAS3) desponta como o preferido do mercado no quesito preço, uma vez que negocia a 5x lucros.
Entre julho e setembro passados, o banco registrou um lucro líquido de R$ 8,8 bilhões, crescimento de 5,00% em relação ao ano anterior, com um ROAE de 20,8%.
Para Nicola, “o banco continua com resultados resilientes, com um crescimento em prestação de serviços de +2%, impulsionado por seguros, planos de previdência e títulos de capitalização, além da gestão de ativos”.
Além disso, na avaliação dela, o BB possui uma forte presença em linhas de crédito resilientes (agronegócios e servidores públicos), e com ótima visibilidade de resultados. Ela observa um avanço em sua carteira de +10% frente ao ano anterior, impulsionado pelo crescimento de empréstimos rurais (+19,00% ano a ano) e pequenas e médias empresas (+14,00% ano a ano).
“Já em relação ao trimestre anterior, observamos um forte crescimento do crédito para o governo (+9,0% trimestre a trimestre)”, completa.
As despesas correspondentes ao risco de crédito somadas aos valores recuperados de perdas vieram com um crescimento de +66% em relação ao ano anterior, impactadas pela elevação do nível de risco de créditos de empresas após evento da Americanas (AMER3).
Contudo, a Nord Research não gosta que o banco seja o “sócio dos infernos”.
Não gostamos da ideia de ter um sócio principal como o governo, o que abre espaço para possíveis ingerências no futuro. “Isso explica o fato de o banco negociar historicamente a múltiplos baixos, um prêmio por esse risco ao qual está exposto”, aponta Nicola.
Apesar do preço atrativo e da entrega de 9% de dividend yield em 2024E, por enquanto, a Nord Research recomenda que você fique de fora das ações do Banco do Brasil (BBAS3).