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Santander (SANB11): Com apenas 30% de créditos podres de Americanas provisionados, o que fazer?

Genial Investimentos reitera recomendação de venda para os papéis

- REUTERS/Amanda Perobelli
- REUTERS/Amanda Perobelli

Na opinião de Genial Investimentos, o Santander (SANB11) reportou um quarto trimestre de 2022 bem abaixo das estimativas – tanto suas, quanto de consenso de mercado.

Com uma baixa rentabilidade, o lucro líquido recorrente foi de apenas R$ 1,6 bilhão, em queda substancial de -47% T/T e -58% A/A. O lucro veio consideravelmente (-36%) abaixo das estimativas de R$ 2,5 bilhões e 42% menor que as projeções de mercado. 

O ROE, no período, despencou substancialmente para 8,1%, bem abaixo dos usuais 20% e 4,1 pp abaixo das expectativas de Genial Investimentos.

A tendência mais fraca foi reflexo de três fatores no custo de crédito, de acordo com os analistas Eduardo Nishio e Wagner Biondo:

(i) deterioração no ciclo de crédito com maiores provisões, principalmente para pessoa física (PF);

(ii) eventos subsequentes no segmento de atacado (com Americanas); e

(iii) empréstimos mais seletivos que pressionaram as receitas com o processo de antecipação da piora do ciclo de crédito implementada no quarto trimestre do ano anterior.

Consequentemente, as provisões para perdas de crédito subiram substancialmente em 18,5% T/T e 106% A/A para R$ 6,7 bilhões.

O imbróglio de Americanas (AMER3)

Apesar do banco não abrir os números referentes aos eventos subsequentes, que incluem o provisionamento para os créditos tóxicos das Americanas (AMER3), ao olhar as movimentações nos ratings de crédito, a Genial Investimentos projeta uma provisão de apenas 30% no quarto trimestre de 2022. 

Considerada uma dívida total de R$ 3,65 bilhões com Americanas, provisionamento de 30% e imposto de 45%, analistas calculam um lucro reportado sem Americanas de R$ 2,2 bilhões, ainda 12% abaixo de nossas estimativas de R$ 2,5 bilhões. 

Um conjunto fraco de resultados

Além do forte aumento no custo de crédito, as receitas com juros (NII) continuaram fracas: 13% abaixo A/A e praticamente igual ao trimestre anterior, ainda pressionadas por um resultado negativo de R$ 1,26 bilhão de tesouraria (NII mercado) combinados com uma queda T/T de 2,6% na margem com clientes.  

Por fim, o Santander se beneficiou de créditos tributários, o que levou a alíquota efetiva de imposto positiva, disseram Biondo e Nishio. Não fosse isso, o resultado poderia ser bem pior que o reportado.

O banco também vendeu carteira de crédito em R$ 1,9 bilhão no quarto trimestre: R$ 1,2 bilhão em carteira de crédito ativa e R$ 0,7 bilhão em written-off.

A carteira ativa vendida estava 100% provisionada, não impactava o aumento do custo de crédito no trimestre. Porém, R$ 0,6 bilhão estava em atraso acima de 90 dias, e analistas estimam que a venda tenha melhorado o índice de inadimplência em 0,10 p.p..  

2023 deve ser difícil

Com a piora do ciclo de crédito, receita pressionada com fraca tesouraria e apenas 30% dos créditos podres de Americanas provisionadas, analistas da Genial Investimentos projetam que em 2023 os resultados continuarão pressionados.

Para 2023, projetam:

(i) crescimento da carteira de crédito ainda fracos;

(ii) margem pressionada pelo mix de produtos com menores spreads;

(iii) nível de provisões ainda altos por conta das pioras nas safras antigas, maior exposição a pessoa física e caso Americanas; e

(iv) margem com o mercado pressionado pelo cenário macroeconômico de juros altos.

Recomendações

Dessa forma, reiteraram a recente alteração de recomendação de MANTER para VENDER, com preço-alvo de R$ 27,10.