Análise

Ativa Investimentos: veja as projeções para emissões do Tesouro em 2022

Ativa projeta que o Tesouro deverá emitir R$ 1 trilhão este ano, o que dá uma média de cerca de R$ 22 bi por semana, reduzindo assim os volumes observados ao longo de 2021

- Jannoon028/Freepik
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Tentando apresentar uma vantagem comparativa, a Ativa Investimentos fez algumas projeções para determinar qual deverá ser a diretriz do Tesouro no Plano Anual de Financiamento de 2022, esperado para o final deste mês.

Começando pelos vencimentos da DPF que deverão totalizar R$ 1,215 trilhões, já considerando a incorporação de juros. Desse montante, diz a Ativa, quase tudo se refere a dívida interna, R$ 1,198 trilhões, com apenas R$ 17 bilhões sendo de dívida externa.

Adiante, de acordo com a extração do LOA 2022 feita pela Ativa, as despesas primárias deverão ser da ordem de R$ 137,6 bilhões, subtraídos cerca de R$ 10 bilhões de honras e garantias e também descontados R$ 233 bilhões de recursos orçamentários.

"Deste modo, projetamos que a necessidade de emissão que o PAF deverá trazer em seu quadro principal deverá apontar para um montante ao redor de R$ 1,130 trilhão".

Contudo, diz a Ativa, o colchão de liquidez do Tesouro está extremamente dilatado, deixando a autoridade muito confortável no volume emitido.

"Esperamos que a Reserva anunciada no próximo RMD (Relatório Mensal da Dívida), com referência em dezembro, aponte para um montante de R$ 1,150 trilhão. Em outras palavras, frente à necessidade de financiamento estimada na Ativa Investimentos, a autoridade não precisaria emitir nenhum título e ainda honraria com todos seus compromissos".

Entretanto, a Ativa alerta que o cenário não se resume a esse ano, e em 2023 o Tesouro deverá enfrentar novamente um vencimento superior a um trilhão (estimado pela empresa em R$ 1,281 trilhões).

"Assim, fica evidente o motivo de a autoridade não ter colocado vencimentos relevantes nos vértices do primeiro trimestre de 2022, relegando apenas a LTN abril/23 a tarefa mais curta. Em outras palavras, os vencimentos em 2023 já são grandes, e é provável que ao longo de todo ano de 2022 o Tesouro evite colocar vértices mais curtos".

Inclusive essa deve ser uma diretriz da autoridade no PAF 22, conforme a Ativa. Um alongamento relativo da dívida, visto que o risco de rolagem é baixo e a curva flat permite emissões com custo percentual similar, restando apenas ao duration a diferenciação de custo absoluto.

"Tendo em vista o desfio de 2023 avaliamos que a autoridade irá iniciar 2022 buscando relativa estabilidade no colchão de liquidez. Evidente que em um ano eleitoral tudo pode ocorrer, mas a estratégia inicial, avaliamos, deverá ser essa. Assim, esperamos que a reserva de liquidez deverá terminar 2022 ao nível de R$ 1,099 trilhão, com redução de apenas R$ 50 bi, mantendo a equivalência de 12 meses de vencimento à frente".

A análise chama atenção para o fato do vencimento setembro/23 ser ponto estratégico na decisão da autoridade, visto que tem mais de R$250 bilhões vencendo e o “encurtamento” do colchão de liquidez, para ser relevante, teria que terminar antes desse vértice, o que seria equivalente a ter apenas 8 meses de vencimentos na reserva, o que já flerta com os mínimos da série histórica.

Por fim, a Ativa  conclui que o Tesouro deverá emitir R$1,080 trilhão esse ano, o que dá uma média de cerca de R$22 bi por semana, reduzindo assim os volumes observados ao longo de 2021.

Tendo em vista nosso cenário, ao qual a inflação desacelera, o juro para de subir no primeiro trimestre e o país assiste um crescimento de apenas 0,3% do PIB, a Ativa avalia que as Prefixadas, em especial as LTNs, deverão começar a ser mais demandadas pelo mercado ao longo desse ano, o que também deverá constar no PAF.

"Evidentemente que esse cenário está altamente condicionado à eleição e à agenda econômica proposta pelos pretendentes ao planalto. Descalabros e novos retrocessos fiscais deverão elevar a perspectiva sobre o juro, o que desfaz a predileção por prefixadas e flutuantes continuam sendo privilegiadas. Por outro lado, melhoras observadas na inflação e eventuais reformas podem trazer um downside para o juro, intensificando a preferência pelas prefixadas".