2022 promete ser um ano de forte volatilidade para o mercado financeiro. Projeções da edição mais recente do Boletim Focus, divulgadas na última segunda-feira (10), estimam que a taxa básica de juros Selic vai encerrar o ano a 11,75% – aumento de 0,25% em relação ao esperado por agentes do mercado financeiro na semana anterior (11,50% a.a.).
Desde março de 2021, os juros saltaram 7,25% no Brasil, de 2,00% – patamar mais baixo da história – para 9,25% a.a. – maior patamar desde julho de 2017 -, em seis reuniões realizadas pelo Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central (BC).
Nesse sentido, ativos de renda fixa obtiveram maior adesão dos investidores, preocupados com os efeitos que a deterioração macroeconômica poderiam provocar em seus patrimônios.
Embora, via de regra, a conjuntura econômica de juros altos seja atrativa para ativos conservadores, especialistas recomendam não deixar de lado a regra básica de buscar a diversificação da carteira, principalmente para objetivos de médio e longo prazos.
Bolsa pode chegar à marca de 5 milhões de investidores
Aderir ao mercado de ações brasileiro pode ser muito promissor e a B3, a bolsa brasileira, registra números que comprovam maior interesse dos investidores em renda variável.
Em dezembro, 888.347 pessoas se associaram à bolsa de valores. O total de investidores pessoas físicas (PFs) chegou a 4.976.145 no mês, uma alta de 54,1% em relação ao número apurado no fim de 2020: 3.229.318.
Esses números são impulsionados à medida que as pessoas desenvolvem maior consciência financeira e se preparam para investir no mercado acionário. Você não precisa ficar de fora, com medo de expor a sua carteira de investimentos a opções mais variáveis.
Na verdade, para obter rentabilidades acima da inflação, talvez seja necessário aumentar um pouco a sua tolerância ao risco e reservar uma parcela dos seus recursos para investimentos em renda variável.
Algumas estratégias podem ser adotadas para minimizar riscos e proteger a sua carteira de ações, como a técnica de long & short.
O que significa o long & short?
O long & short se trata de uma operação em que dois ativos são negociados simultaneamente.
O investidor realiza ao mesmo tempo duas operações: uma de compra (long) e outra de venda (short), “apostando” em qual ação vai valorizar seu preço e qual deve sofrer queda no mesmo período. Ou seja, os lucros não se vinculam somente à alta ou à queda do mercado.
A partir disso, o investidor lida com três possibilidades:
Caso acerte as duas previsões (uma alta e uma baixa), ele pode obter um bom lucro. Se apenas uma das apostas se confirmar, a rentabilidade vai ser mais baixa ou ele “sairá no zero a zero”. Agora, se os dois palpites não se concretizarem, a operação traz prejuízos.
Ao “operar vendido” (fazer short), o investidor não adquire a ação para depois vendê-la. Ele trabalha com opções, como se “alugasse” o papel e assim pudesse exercer o direito de vendê-lo dentro do prazo programado.
Para isso, o investidor aplica uma quantia em garantia para a corretora que seja suficiente para cobrir eventuais prejuízos com a operação.
Para buscar mais segurança, investidores utilizam análises técnicas ou fundamentalistas para “descobrir” quais empresas têm potencial de desvalorização e, assim, podem lucrar mesmo com um papel em queda, embora isso seja estranho à primeira vista.
Vantagens e cuidados a serem tomados com a operação
Com o long & short, você pode utilizar o crédito obtido na venda das ações na ponta vendida para comprar os ativos da ponta comprada. “Ou seja, você consegue alavancar a operação sem levantar caixa”, diz Sérgio Brito, sócio-diretor da Ipê Investimentos.
Brito enfatiza a importância de ter atenção ao Índice Beta dos ativos que se pretende inserir na estratégia de long & short. “Ele mede os riscos e retornos de uma determinada ação”, diz. Verifique a série histórica e leve em conta a variação atual dos dois papéis.
O executivo ressalta que, para mitigar riscos, você pode utilizar a operação de maneira combinada à compra de uma “put option”, que indica ao investidor a possibilidade de vender seus títulos de um ativo-objeto por um preço pré-determinado, desde que a compra se efetive no prazo estabelecido.
“Se você tem uma carteira muito relacionada aos ativos que compõem o índice Ibovespa, para diminuir riscos, você pode comprar uma ‘put’ que vai te dar o direito de vender ações a qualquer preço. Por exemplo, se você vê o Ibovespa a 105 mil pontos e estima que ele vai cair a 95 mil, ou você lança uma ‘put’ para cada ativo ou, para reduzir o custo, compra uma ‘put’ da carteira do Ibovespa”, explica.
Outra medida que você deve tomar para se prevenir com a volatilidade da operação está relacionada à programação do stop loss e stop gain.
O primeiro diz respeito a um prazo estipulado para que você não sofra muitas perdas em caso de distorção do mercado que desvalorize os papéis.
Já o segundo estabelece um limite à valorização do ativo. Ao usar o stop loss da ponta comprada e o stop gain da ponta vendida como elementos de proteção você previne prejuízos altos demais.
De que formas posso operar o long & short?
Interessa ao investidor que essa estratégia seja adotada para a compra e venda de ativos de empresas correlatas ou concorrentes.
Suponha que, após uma análise, você perceba que as ações de duas empresas concorrentes do setor de siderurgia e mineração, como Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3) estão com uma grande diferença de preço e que em alguns meses os valores entre as duas devem voltar a ficar próximos.
Nesse caso, você opera ‘vendido’ na companhia que apresenta maior valorização e ‘comprado’ na empresa com menor valor.
Você também pode operar o long & short ao negociar pares de papéis da mesma empresa, como ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN).
Como se trata de uma mesma companhia, tanto na ponta vendida quanto na comprada, são poucas as chances de perder dinheiro com a operação. Mas, pela mesma razão, os lucros também não serão atrativos.