Criptos

Antivírus mineram criptomoedas 'silenciosamente' e levantam questionamentos éticos sobre atividade

Prática levanta a discussão já que a maioria dos usuários não tem familiaridade com a operação de mineração de criptomoedas. Pesquisador de cibersegurança da CySource explica os perigos da atividade

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Com o intuito de proteger usuários contra malwares e outras ameaças, dois dos mais utilizados antivírus do mundo decidiram adentrar um novo ramo e acrescentaram uma função inusitada: minerar criptomoedas. A questão é que, em muitos casos, isso ocorre sem que os usuários tenham a real dimensão das operações realizadas.

Após a divulgação da informação, pesquisadores da área de cibersegurança analisaram o caso e revelam preocupação, porque essa é uma novidade que coloca os cidadãos no mundo das criptomoedas e muitos não dominam o assunto.  

A empresa de cibersegurança CySource avaliou essa nova funcionalidade dos softwares e questiona a transparência dos antivírus. Para o especialista Luli Rosenberg, da CySource, a mineração de criptomoedas é feita sem que a maioria dos usuários saiba como atuar no mercado virtual das criptomoedas. O que pode trazer consequências sérias.

“A nova funcionalidade poderá colocar muitos usuários em situações de risco e as empresas de antivírus não irão se responsabilizar pelas operações. Ao habilitar essa nova função, as empresas utilizam a energia e o processador do usuário. Esse procedimento é muito vantajoso para as empresas, porque o gasto de energia e o risco de dano no aparelho ficam a cargo do usuário. Nesse sentido, as empresas não estão sendo claras o suficiente”, alerta Rosenberg. 

Outro ponto questionado é a cobrança de uma taxa de 15% sobre todas as criptomoedas obtidas pelos usuários. O valor é considerado abusivo, uma vez que a maioria das plataformas que atua com sistemas semelhantes tende a cobrar somente 1 ou 2% dos usuários — que, na prática, também precisam arcar com custos de hardware, energia e com as taxas de transação do Ethereum. O dinheiro gerado a partir dessa transação, ou parcela dele, é depositado em uma carteira digital. 

Como funciona?

Apelidados de Norton Crypto e de Avira Cryto, essas funcionalidades permitem que os usuários configurem os programas de segurança para minerar Ethereum dos seus sistemas, principalmente quando esses sistemas não estão sendo utilizados. Quando habilitado, o Norton Crypto faz uso da placa de vídeo instalada no computador do usuário para minerar Ehereum. A partir disso, a moeda é transferida para uma carteira da Norton hospedada na nuvem.