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Startup une estabelecimentos a consumidores e evita desperdício de 40 toneladas de alimentos em SP

Em pouco mais de seis meses de operação, Food To Save já superou a marca de 100 mil usuários cadastrados, com 300 estabelecimentos parceiros e 70% de desconto em produtos que poderiam ser descartados de maneira imprópria

Material de divulgação da Food To Save - Food To Save
Material de divulgação da Food To Save - Food To Save

O mundo desperdiça cerca de 930 milhões de toneladas de alimentos por ano, de acordo com o Índice de Desperdício de Alimentos 2021, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Segundo o relatório que sucedeu a divulgação dos números, em média, o Brasil desperdiça 60 quilos de alimento por pessoa, anualmente. 

Esses números evidenciam o mau uso dos alimentos, a desigualdade da distribuição entre as famílias e também um prejuízo financeiro causado tanto a produtores quanto a consumidores. 

Diante desse cenário, “inconformismo” foi a palavra que Lucas Infante encontrou para definir o que sentiu e o que o motivou a criar a startup Food To Save, uma foodtech que conecta restaurantes, padarias e hortifrutis com consumidores para venda de produtos próximos à validade.

“Eu tinha um supermercado e vivia na prática o desperdício de alimentos. Olhei para essa situação e comecei a me aprofundar no assunto. Verifiquei que na Europa já existia uma movimentação em relação a isso, mas aqui no Brasil não havia nada semelhante”, conta o CEO.

A Food To Save atua há pouco mais de seis meses e, segundo Infante, já evitou o desperdício de mais de 40 toneladas de alimentos em São Paulo, em Campinas e na região do Grande ABC. 

“Enxerguei uma grande oportunidade de empoderar pessoas a lutarem contra o descarte de alimentos, ao mesmo tempo que pudessem rever seus hábitos em relação ao consumo mais consciente”, diz. Murilo Ambrogi, Fernando Henrique dos Reis e Guido Bruzadin são sócios de Infante nesta empreitada.

No aplicativo, são oferecidos descontos de até 70% nos alimentos de qualquer tipo. A startup, hoje, fica com 40% do total da compra, e o restante (60%) fica com os estabelecimentos parceiros.

“Dessa forma, geramos uma renda incremental significativa para nossos parceiros em cima de produtos que antes eram jogados fora. Atuamos estritamente nesse produto excedente e na conscientização de que a grande maioria dos alimentos merecem uma segunda chance para serem consumidos e aproveitados”, afirma Infante.

A triagem inicial dos alimentos fica por conta dos estabelecimentos, segundo o executivo. 

“Além de realizarmos treinamentos e ações de cliente oculto frequentemente, também contamos com a empatia daqueles que colocam os produtos na sacola [os estabelecimentos], e sabem que apenas podem ser comercializados alimentos em perfeitas condições de consumo”, explica.

Muitos estabelecimentos, como padarias, por exemplo, mandam para os clientes do Food To Save algum alimento que vence no mesmo dia ou no dia seguinte. “Em nossa página do instagram, nós também damos várias dicas do que as pessoas podem fazer para aproveitar esses itens da melhor forma”, complementa. 

Por consequência, a solução da empresa contribui positivamente ao meio ambiente. Quando diminuída a emissão de gases de efeito estufa, há também a redução do descarte incorreto de alimentos e uma reeducação da sociedade na relação com os mesmos.

“É uma plataforma simples, amigável e com pegada sustentável. Somos solução com propósito”, define Infante. 

O executivo conta orgulhosamente que a startup formou uma rede de pessoas comprometidas com a causa. Recentemente, a Food To Save superou a marca de 100 mil downloads do aplicativo, por onde ocorrem as relações entre estabelecimentos e consumidores. 

“O aplicativo foi lançado no fim do ano passado. Já temos 300 estabelecimentos parceiros nas regiões em que operamos. Nós temos visto que as pessoas estão muito engajadas nesta luta, e cada vez mais temos foodsavers que compartilham suas experiências nas redes sociais e carregam nossa bandeira”, relata o executivo.

Uma das usuárias do serviço foi Graziella Julião, 46, moradora de São Paulo (SP) e professora de Ensino Fundamental I. Ela conta que descobriu o aplicativo recentemente e que o uso responsável dos alimentos sempre chamou sua atenção.

“Eu trabalhei há alguns anos em um hotel por um tempo e isso foi algo que sempre mexeu com a minha consciência. Sempre converso com amigos sobre a importância disso e pretendo usar o aplicativo mais vezes. Seria interessante ver essa ideia ser espalhada em outros lugares. Acho que vale bastante a pena”, conta.

No aplicativo, Graziella selecionou o prato de um restaurante associado à Food To Save e optou pela opção de retirada no local. “Eu já estava bem próxima ao lugar e fui. Eles determinaram um horário-limite para ser feita essa retirada e me entregaram. Estava tudo certinho”.

Um levantamento feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) aponta que no Brasil 20 milhões de pessoas passam mais de 24 horas sem se alimentar, mais de 24,5 milhões não sabem se vão comer durante o dia e outros 74 milhões estão inseguros se vão precisar passar por isso. Para a professora, a iniciativa surge em boa hora. 

“Eu espero que movimentos como esse cresçam. Veja, eu descobri o Food To Save sem querer, pela televisão, e, num país como o nosso onde as pessoas enfrentam uma forte inflação, acho que o aplicativo faz duas coisas importantes: pelos estabelecimentos, que deixam de desperdiçar o alimento e ganham com isso; e pelas pessoas, que podem pagar um valor mais barato por comida em ótimas condições e que não vai ser descartada antes do tempo útil acabar”, conta Graziella.

Pela Food To Save, usuários do aplicativo também podem doar um prato para pessoas de rua e em vulnerabilidade social. A empresa lançou uma ação social em parceria com a ONG SP Invisível para conscientizar a população e ajudar quem mais precisa.

Serão mais de 500 marmitas doadas somente no mês de janeiro.

“Sabemos que o cenário de insegurança alimentar no Brasil se agravou ainda mais com a pandemia, e acreditamos que com a Food To Save podemos contribuir para a mudança desse cenário tão crítico”, conclui Infante.