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0,54%: apesar de desaceleração em janeiro ante dezembro, dinâmica da inflação ainda preocupa

Veja as opiniões de analistas da Ativa Investimentos, da Terra Investimentos e da XP Investimentos

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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial de país, de janeiro, variou 0,54%, de acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O indicador acumula alta de 10,36% em doze meses.

Analistas de Ativa Investimentos, Terra Investimentos e XP Investimentos comemoraram a desaceleração ante dezembro (0,73%) e o patamar próximo à mediana do mercado (0,55%), mas ressaltaram que as preocupações com a dinâmica inflacionária ainda persistem.

Ativa

Para a Ativa, o que surpreendeu foram os núcleos que vieram muito acima, e apontaram a dinâmica inflacionária como ruim. A média dos núcleos observados pelo Banco Central trouxe variação de 0,88%, ante 0,81% estimados pela corretora, segundo o economista-chefe Étore Sanchez.

Apesar disso, a corretora esperava que o IPCA viesse a 0,61%.

No item combustíveis, a gasolina foi responsável por 5 bps. dos 7 bps. de desvio. A alimentação fora do domicílio apresentou desvio de -4 bps., compensado pelo avanço subestimado de alimentação no domicílio (+3 bps.).

Sanchez destaca que a perspectiva de reajuste no preço de gasolina e a dinâmica ruim dos núcleos não aliviam a projeção de 4,7% para a inflação deste ano, que ressaltou se tratar de uma análise prospectiva preliminar. 

Terra

Para os analistas Homero Azevedo Guizzo e Luís Gustavo Bettoni, apesar dos números animadores, os preços industriais estão longe de terem sua dinâmica normalizada (ou seja, retomarem a tendência secular de queda de seus preços relativos).

Além disso, os preços de serviços foram desproporcionalmente afetados pela queda de 18,35% nos preços de passagens aéreas; o núcleo de serviços subiu de 0,80% em dezembro para 0,94% em janeiro.

O recuo da inflação cheia não foi acompanhado de uma melhora nos núcleos e, por isto, parece prematura aos analistas uma interpretação benigna.

Segundo os analistas, o IPCA deve se acelerar para 0,85% em fevereiro, pressionado pelo já mencionado aumento sazonal dos preços de alimentação no domicílio e pela alta dos preços de educação.

Mais à frente, o IPCA cedo ou tarde cederá à pressão do hiato do produto sobre os preços livres, acreditam os analistas, mas este caminho será cheio de altos e baixos.

XP

Para a economista Tatiana Nogueira, o destaque também se volta aos preços industrializados subiram mais do que o projetado, e representaram uma surpresa de +6 bps..

Outro destaque, segundo Nogueira, foi a manutenção dos núcleos de inflação em patamar elevado.

A XP esperava que os núcleos caíssem de 0,89% para 0,81%, mas o número caiu apenas 1 pb, para 0,88%. Em 12 meses, a média dos núcleos de inflação passou de 7,5% para 8%. A difusão ficou praticamente estável (de 0,66% para 0,67%).

Segundo a economista, os números divulgados nesta quarta-feira confirmam a alta pressão de bens industriais já apontadas no IPCA-15.

O índice de preços industriais aos produtores (IPA industrial) indica continuidade das pressões de curto prazo, já incorporadas ao cenário da XP.

Em geral, o número foi pior do que o esperado, diz Nogueira.

Para a economista, enquanto a queda dos serviços se deve à deflação de item volátil, os preços industriais devem continuar em trajetória de alta, e a deflação de combustíveis pode ser revertida, dada a possibilidade de reajuste da Petrobras (desfasamentos de preços externos sugerem isso).

Por ora, a XP mantém a projeção de IPCA de fevereiro em 0,81% e 5,2% em 2022. 

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