Análise

Rússia e Ucrânia: qual o impacto nas criptomoedas?

Especialistas analisam reação do mercado de criptos diante de um possível conflito

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Na última quarta (16), os EUA afirmaram que as forças russas não se retiraram da fronteira com a Ucrânia. Além disso, aumentou o contingente de soldados em aproximadamente 7.000 militares. A informação vai contra alegações recentes de Moscou sobre o recuo das tropas. Segundo a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, a Rússia se dirige para uma "invasão iminente" da Ucrânia, apesar dos anúncios de retirada.

Para Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance, um possível conflito militar seria ruim para os mercados em geral, além do Brasil.

"Temos problemas de inflação global e de Bancos Centrais aumentando juros e investidores sem saber o impacto disso no mercado. Um conflito militar seria bem impactante. Causaria muita apreensão nas cadeias produtivas, o que faria investidores irem buscar porto seguro. Muitos buscarão tesouros do Título Americano porque são considerados seguros", diz.

Além disso, a Rússia é grande produtora de gás natural. "Tendo conflito militar, fatalmente isso impactaria no fornecimento de gás. Em meio ao inverno rigoroso, afetaria ainda mais os preços que já subiram bastante".

Segundo Felipe Veloso, economista e fundador da Cripto Mestre, no curto prazo a possibilidade de um conflito poderia causar ansiedade nos investidores, causando uma migração para investimentos mais líquidos.

"Para criptomoedas, com um conflito na Ucrânia seria provável uma mudança na tendência de queda desse ano, fazendo as criptos explodirem no curto prazo. Por exemplo, quando o governo americano anunciou oficialmente a pandemia e os lockdowns, o bitcoin caiu bastante e chegou perto dos US$ 3 mil, porém, essa mesma pandemia fez com o governo injetasse muito dinheiro na economia e diminuísse a taxa de juros, causando a explosão das criptos. Ou seja, no curto prazo essa guerra faria os preços desabarem, mas a médio prazo explodirem", diz.

Leonardo Jaguaribe, MBA em Ações & Stock Picking (IBMEC) e fundador da Cripto Holder, escola de educação financeira, acredita que a tensão entre Rússia e Ucrânia, junto com possível aumento de juros, serão um teste para que bitcoin continue provando sua força.

"Enquanto a situação do conflito estiver quente, a oscilação das bolsas é inevitável. Mas o bitcoin ainda continua sendo uma opção de reserva de valor, mesmo com as quedas. Lembrando que, no início da pandemia, também existiu uma forte correção que foi recuperada. Saber gerenciar os riscos é fundamental", afirma.

Ainda com a volatilidade presente e possibilidade de conflito, Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, acredita que o bitcoin deve chegar a US$ 100 mil dólares ainda em 2022 e alerta também para cuidados que o investidor deve ter:

"Muitos investidores, em uma queda, ficam assustados e paralisados. Quando se está com medo, é que é a hora de comprar. Não adianta esperar o bitcoin bater os US$ 80 mil para resolver comprar porque a euforia é grande e se entra mal posicionado quando o foguete está subindo. Quando existe uma queda apocalíptica e pessoas desesperadas, é momento de comprar, mas o mercado é muito emocional".