Em meio a um cenário conturbado internacional com a guerra entre Rússia e Ucrânia, na próxima semana, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central (BC) se reúne para definir a taxa Selic. Atualmente, a taxa está em 10,75% ao ano. A última decisão elevou a Selic em 1,50% no início de fevereiro e representou a oitava alta consecutiva.
Boa parte do mercado acredita que o Banco Central deve estender ainda mais o ciclo de alta da taxa básica de juros para conter a inflação.
João Beck, economista e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos, acredita que o colegiado mantém o ritmo de 100 pontos: "Não acredito numa aceleração das altas. Acredito que ela virá de uma taxa terminal maior em 50 pontos e que pode permanecer estática por mais tempo".
Segundo o especialista, o mercado previa um ajuste negativo já no fim deste ano para a taxa, o que já mudou.
"Sob as novas circunstâncias de aumento de alimentos e energia, acreditamos numa extensão de pelo menos um semestre para as taxas começarem a cair. As expectativas se adiaram para o meio do ano de 2023", diz.
Para Rob Correa, analista de investimentos CNPI e autor do livro “Guia Do Investidor de Sucesso no Longo Prazo”, o Banco Central adotará uma postura mais incisiva na próxima reunião.
"Eu acreditava em uma Taxa Selic de 11,75% no auge do ciclo de aperto em 2022, mas isso era antes da guerra na Ucrânia. Com esse fato novo no cenário e os respectivos impactos inflacionários, agora minha previsão é de 12,75% até o fim de 2022", afirma.
De acordo com Correa, a inflação atual que temos no Brasil não tem mais relação com a Covid-19, mas sim com as commodities.
"Tudo isso devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Os principais componentes da inflação como alimentos e combustível estão sendo impactados pela guerra e a inflação atual ainda não reflete o conflito. A disparada do petróleo, das commodities agrícolas e o problema com fertilizantes irão pressionar ainda mais a inflação que já está além da meta", comenta.
Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, acredita no aumento de 100 pontos para a próxima reunião e em um comunicado mais forte que os anteriores: “Vejo que o mercado espera um Banco Central ainda duro ao combate à inflação, elevando a Selic nessa reunião e ainda mais duro no discurso. Já há uma expectativa de uma Selic terminal mais alta nesse ciclo devido à guerra. Algumas casas falam até em 13.25%”, diz.
Com a Selic mais alta, a renda fixa tem atraído cada vez mais investidores.
Para Leandro Vasconcellos, CFP®️, head da mesa de alocação Alta Renda e sócio da BRA, em momentos como esse, vale apostar em títulos atrelados à inflação e títulos pós-fixados.
“Eu destacaria ainda a indústria de fundos multimercados. Existe um seleto grupo de bons gestores globais que são bastante habilidosos em capturar movimentos de preços globalmente. Nós temos notado o bom desempenho de algumas gestoras com esse perfil e essa tendência deve se manter daqui para frente”, complementa.
Com informações de GSC.