Por volta das 10:28 desta sexta-feira (11), as ações de Natura (NTCO3) caíam 1,66%, a R$ 21,38. Na véspera, um dia após a divulgação do balanço do quarto trimestre da companhia, os papéis desabaram 9,30% e chegaram ao valor de R$ 21,74 cada.
Um dia antes (9), a Natura havia se valorizado acima de expressivos 16%, na B3 (B3SA3). Agora, o que aconteceu para explicar essa forte queda?
Os resultados foram bem interpretados pela maioria dos analistas, mas fatores ligados a guerra entre Rússia e Ucrânia já eram monitorados em relatórios como os publicados pela XP nesta semana.
Na quarta-feira (9), o material produzido pelos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt apontou a Natura como uma das empresas que mais possivelmente seriam impactadas pelas consequências do conflito.
Assim como a C&A (CEAB3), a Natura pode sofrer quedas de 3% para cada aumento de 1% dos custos de matéria-prima. Eles ressaltam que custos de frete também são relevantes para a empresa e, portanto, podem ser outra possível fonte de pressão de margens.
"Apesar das varejistas poderem compensar parte do aumento de custos através do seu repasse para preços, acreditamos que isso reduziria o volume de vendas diante o cenário macro desafiador e, portanto, apesar de a rentabilidade permanecer estável, o EBITDA em termos absolutos apresentaria queda de qualquer maneira", dizem.
No mesmo dia (9), a sessão havia sido positiva para varejistas em geral, principalmente porque analistas estavam mais otimistas com sinalizações diplomáticas entre os dois países. Essa expectativa se frustrou no dia seguinte, o que levou a uma baixa dos ativos das empresas do setor.
Além disso, o Bradesco BBI já olhou para o balanço com maior cautela. Analistas pontuaram que as margens ficaram acima das projeções, enquanto os dados de receita ficaram abaixo do esperado, com sinais de continuidade para uma tendência fraca neste recorte do balanço.