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Dólar abaixo dos R$ 5 pela 1ª vez em nove meses: hora de dolarizar a carteira de investimentos?

De acordo com Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, investir na moeda norte-americana protege carteira de variáveis como as ingerências internas e o receio do capital estrangeiro

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Poucos dias após atingir o seu pico no mês – R$ 5,16 no dia 16 de março -, o dólar fechou abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde junho do ano passado. O dólar comercial fechou a segunda-feira (21) vendido a R$ 4,945, com queda de 1,42% (R$ 0,071). 

O impulso dos preços das commodities – como petróleo, alumínio e aço – no mercado internacional, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, e o ciclo de alta dos juros no Brasil – a 11,75% a.a. – e no exterior (EUA, Inglaterra e Turquia foram alguns dos países que reajustaram suas taxas básicas) são dois dos principais fatores que justificam a tendência de queda do dólar. E juros mais altos em economias emergentes como a brasileira, por tendência, atraem capitais estrangeiros.

Hoje (22), a moeda norte-americana já flerta com o quinto dia consecutivo de quedas e chegou ao patamar de R$ 4,90, por volta das 10h. Já à tarde, às 13:40, o dólar rondava a estabilidade, com um levo recuo de 0,06%, a R$ 4,94. 

O movimento faz surgir dúvidas entre investidores: seria agora o momento de dolarizar a carteira agora que a moeda está “barata”?

Sempre faz sentido dolarizar a carteira

Em momentos de crise, principalmente as domésticas, como aquelas em que há ruídos políticos e fiscais, os bons investidores que se prezam sabem da importância da diversificação internacional.

As possibilidades de diversificação no exterior não se encontram apenas nos EUA, mas, pelo fato de ser o maior mercado do mundo e o dólar ser estável, naturalmente os investidores olham para investimentos atrelados à moeda.

Para Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, “sempre faz sentido dolarizar a carteira”, principalmente “para se proteger do Risco Brasil, de ingerências internas e do receio de investidores estrangeiros com o mercado nacional”. 

“No cenário atual, fica mais interessante ainda porque temos uma divergência bem importante entre a cotação do dólar e o CDS (Credit Default Swap) – o Risco Brasil em si -, que se mantém nos níveis de meses atrás, enquanto o dólar cai. Isso poderia denunciar que a moeda está sobrevendida e poderia eventualmente corrigir no médio espaço de tempo”, diz.

Em que investir?

Vella diz não ser muito fã de comprar câmbio ou mandar para o exterior, por meio de uma conta. Ele diz preferir ter exposição a ativos dolarizados, como ações de empresas do exterior e papéis que representam companhias estrangeiras negociados em território nacional.

Muitas opções de ativos internacionais podem ser comprados por meio de corretoras nacionais. Os BDRs, os fundos de investimentos e os ETFs são algumas delas:

BDRs – Os BDRs – Brazilian Depositary Receipts – são títulos que representam ações de companhias negociadas na B3, a bolsa brasileira, por empresas ou instituições financeiras.

Quem adquire um BDR, portanto, não compra diretamente as ações da empresa no exterior. Em vez disso, investe em títulos representativos desses papéis. 

Essas ações existem de fato lá fora, e precisam ficar depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira que atua como custodiante – ou seja, que faz a guarda delas.

Os BDRs de Microsoft (MSFT34) e Nvidia (NVDC34) foram os mais recomendados para o mês de março, de acordo com carteiras de sete plataformas de investimento. Veja mais detalhes aqui.

Fundos de investimentos – Os fundos reúnem recursos de diversas pessoas, para que sejam aplicados em conjunto no mercado financeiro e de capitais. 

Os ganhos obtidos com as aplicações são divididos entre os participantes, na proporção do valor depositado por cada um.

Para efeitos de tributação, os fundos são divididos em dois tipos: fundos de longo prazo: papéis com vencimento em mais de 365 dias, em média; fundos de curto prazo: papéis com vencimento em menos de 365 dias, em média.

Alguns dos tipos de fundos mais comuns são: cambiais e de ouro, de ações, multimercado, renda fixa, de previdência e imobiliários.

ETFs Exchange Traded Funds, no inglês, ou fundos de índice, são fundos de investimentos ligados a algum índice de referência.

Eles são negociados na bolsa de valores, da mesma forma que as ações, e seguem as movimentações de um índice específico. 

Aqui, por exemplo, existem ETFs atrelados ao, como o Ibovespa, formado por cerca de 88 empresas que negociam o maior volume de papéis diariamente na Bolsa, e serve como “termômetro” do mercado de capitais brasileiro. 

Ou seja, caso o Ibovespa suba, os fundos também ganham. Agora, se o índice cai, os investidores também perdem.

Vella cita o exemplo do ETF GOLD11, de ouro. “Com ele, você tem uma dupla exposição ao dólar e a um ativo de reserva de valor. Num período como esse, com o dólar “barato”, acho ainda mais interessante investir assim”.