Por Noreen Burke e Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – Os futuros dos EUA apontam para uma abertura em baixa nesta segunda-feira (18), com os mercados em um clima cauteloso antes de uma semana movimentada de resultados do primeiro trimestre, enquanto as preocupações subjacentes sobre a guerra na Ucrânia e um Federal Reserve hawkish continuam a pesar.
Os preços do petróleo recuam das máximas de três semanas, com dados da China apontando para a fraqueza econômica contribuindo para o clima de risco. No Brasil, o governo avança nos seus planos de normalização pós-pandemia.
Aqui está o que você precisa saber nos mercados financeiros na segunda-feira, 18 de abril:
1. Wall Street deve abrir em baixa
As bolsas de valores dos EUA devem abrir um pouco mais baixas mais tarde, já que os investidores se preparam para uma semana movimentada de relatórios de lucros em um cenário de incerteza sobre o caminho futuro das taxas de juros.
O Bank of America (NYSE:BAC) divulga os resultados trimestrais na segunda-feira antes da abertura, juntamente com o Bank of New York Mellon (NYSE:BK) e a empresa de serviços financeiros Charles Schwab.
Goldman Sachs (NYSE:GS), Citigroup (NYSE:C), Morgan Stanley (NYSE:MS) e Wells Fargo (NYSE:WFC) divulgaram resultados do primeiro trimestre na semana passada.
E enquanto todos os quatro chegaram à frente das estimativas, eles também relataram declínios acentuados nos lucros.
A Tesla (NASDAQ:TSLA) pode ser forçada a adiar os planos de começar a reabrir sua fábrica em Xangai por um dia, após três semanas de bloqueio por causa do surto de coronavírus na região, devido a problemas logísticos com seu fornecedor.
Os investidores também ficarão de olho nas ações do Twitter nesta segunda-feira, após um tweet enigmático do CEO da Tesla, Elon Musk, dizendo "Love Me Tender", dias depois de ter mirado no Twitter com uma oferta de aquisição em dinheiro de US$ 43 bilhões.
Às 08h, os futuros da S&P 500 recuavam 0,40%, enquanto os da Nasdaq 100 e da Dow Jones caíam 0,25% e 0,54%, respectivamente.
Todos os três principais índices de ações dos EUA fecharam em baixa na quinta-feira antes do feriado da Sexta-feira Santa e registraram uma perda semanal, pressionados pelo aumento dos rendimentos do Tesouro dos EUA.
2. Petróleo cai das máximas de 3 semanas
Os preços do petróleo recuaram de seus níveis mais altos em três semanas, com as preocupações com a desaceleração da demanda da China compensando as preocupações com a oferta global apertada em meio às consequências da guerra na Ucrânia.
Às 08h04, os futuros de petróleo nos EUA caíam 0,44%, a US$ 105,91, enquanto os de Brent recuavam 0,29%, a US$ 111,38 o barril.
Embora o crescimento do PIB da China no primeiro trimestre tenha superado as previsões, um declínio acentuado nas vendas no varejo em março aumentou as preocupações com as perspectivas para a segunda maior economia do mundo, que já sofre com os bloqueios do COVID-19.
Os preços do petróleo subiram mais cedo, uma vez que as interrupções no fornecimento na Líbia aumentaram as preocupações com o aprofundamento da crise na Ucrânia, com os principais comerciantes de petróleo tentando evitar os barris russos para fugir das sanções da União Europeia à Rússia, o segundo maior exportador de petróleo do mundo.
3. O fim da emergência da Covid-19 no Brasil
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou ontem, 17, que a portaria que declara a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) devido à pandemia do coronavírus será revogada.
As vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em caráter emergencial, como a Coronavac e a Janssen, terão validade por um ano após a revogação da Espin.
Haverá um prazo entre 30 a 90 dias de vacância entre o fim da Espin e o novo ato normativo disciplinando essa decisão, segundo o Valor Econômico. O da Emergência de Saúde Pública vinha sendo defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) há semanas, para ampliar o senso de normalidade após dois anos de pandemia.
O encerramento da Enfin também pode afetar a atuação de estados e municípios no combate à pandemia, cujo fim ainda não foi decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Neste domingo, o Brasil registrou 2,541 novos casos de Covid-19, chegando a um total de 30.252.618 infecções, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
Também foram contabilizadas mais 22 mortes pela doença, elevando o total de óbitos pela Covid-19 no país para 661.960.
O Brasil vacinou até o momento mais de 80% da população com ao menos uma dose, e mais de 70% da população com duas doses ou dose única contra a Covid-19.
4. Procura por segurança
O clima de risco nos mercados impulsionou a demanda por ativos de refúgio, elevando o ouro a máximas de um mês e impulsionando o dólar.
Os futuros de ouro dos EUA subiam 0,77%, a US$ 1.990,20 às 08h07.
O índice do dólar estava em 100,70, alta de 0,4% no dia, enquanto o iene flutuou depois que o presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, disse na segunda-feira que os movimentos recentes da moeda foram "bastante acentuados", seu alerta mais forte ainda sobre os riscos decorrentes da depreciação da moeda, que viu atingir as mínimas de duas décadas em relação ao dólar.
Os rendimentos dos títulos dos EUA subiram, com os rendimentos do Tesouro de 2 e 10 anos em torno de 2,49% e 2,86%, respectivamente, durante a noite.
5. Discurso de Bullard, início das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial
Os investidores estarão aguardando um discurso do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, no final do dia.
Bullard foi o único funcionário do Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed a votar a favor de um aumento de meio ponto percentual na taxa de juros na reunião de março do banco central, em vez do aumento de 0,25 que o banco entregou.
Um aumento da taxa de meio ponto percentual na próxima reunião do Fed de 4 a 5 de maio é visto como quase certo, já que o banco central se move de forma mais agressiva para combater a inflação, que está em alta em quatro décadas.
Também na segunda-feira, começa a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.