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É a vez da renda fixa?

Veja como o atual cenário favorece esse tipo de investimento, entenda a característica dos ativos e como investir

- Fabian Blank via Unsplash
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Por Jessica Bahia Melo, da Investing.com – Com a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, em dois dígitos novamente e a perspectiva de aumentos futuros do Comitê de Política Monetária (Copom) para controlar a inflação, a renda fixa voltou à moda.

De acordo com último relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a renda fixa representou 84,7% das captações no primeiro trimestre do ano – a maior para os três meses iniciais de um ano desde 2012.

A renda fixa é procurada principalmente pelo investidor conservador, que busca uma rentabilidade atrativa sem correr tantos riscos – mas não somente por ele. Por isso, ao escolher um ativo de renda fixa, é preciso diferenciar os tipos, prazos de resgate, quem oferece e as taxas que incidem para avaliar qual a melhor escolha para o portfólio.

Entre os ativos disponíveis, estão os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) e o Tesouro Direto, que contam com rendimento formado pela soma de uma taxa fixa mais a variação da taxa de juros Selic.

Segundo Marilia Fontes, especialista de renda fixa da Nord Research, os títulos de maior sucesso são os CDBs, LCIs e LCAs, os dois últimos porque são isentos e CDBs pelas “excelentes taxas”.

Além disso, ofertas de debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) cresceram nos últimos meses, de acordo com Vinicius Romano, especialista de renda fixa da Suno Research. “O investidor vê que a renda fixa é um mundo além da Selic e se ele não precisa pagar imposto de renda, isso é uma vantagem”, acredita Romano.

Riscos não são inexistentes

Em geral, o investidor que compra um título de renda fixa está emprestando dinheiro ao governo, banco ou empresa. Em troca, prevê o recebimento do valor e um acréscimo de remuneração em juros, acordada antes de efetuar a aplicação.

Mas o título pode ficar mais caro ou mais barato do que quando a pessoa comprou para refletir a taxa de juros no momento posterior. O investidor só recebe a taxa acordada ao comprar se ficar com o título até o vencimento, por isso, é preciso ter cuidado com os prejuízos de marcação a mercado se vender antes.

“Cada um dos tipos de ativos se comporta de forma completamente diferente dado o cenário macroeconômico. Existem títulos que se beneficiam do momento em que as taxas de juros estão subindo, outros em que estão caindo. Se você comprar um título errado, no momento errado, você pode ter prejuízo com esses títulos se vendidos antecipadamente”, alerta Fontes.

Caso eles sejam vendidos antes, serão reprecificados. “Se o investidor comprou um título a 10% ou 15% e a taxa do momento for depois de 5% para o mesmo título, quem comprar o título agora vai render 5%, mas o título era de 10%, por isso ele tem que ser reprecificado e ficar mais caro. Se as taxas de juros sobem, é o contrário, o título tem que ficar bem mais barato para que o preço que a pessoa pagar agora e o preço que tiver lá na frente rendam uma taxa maior”, explica a especialista da Nord.

Outro risco é o de crédito, seja ao emprestando para o governo, bancos ou empresas. É preciso analisar o balanço da companhia, se for o caso, e se ela é segura. Romano afirma que os títulos bancários e LCs possuem risco menor devido à garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

“Mas não acho que seja uma boa estratégia investir pensando no FGC, sempre investimentos em algo pensando na relação risco/retorno. É preciso olhar com atenção o emissor daquele título, se o banco, se for o caso, teve resultados sólidos, tem uma certa qualidade na carteira de ativos, se tem um índice de Basileia confortável, tem liquidez, se é um banco solvente ou não”, destaca.

Pré ou pós-fixado? Prazo longo ou curto?

No caso de títulos pré-fixados, o investidor escolhe um percentual definido, como 10%, por exemplo. No caso dos pós-fixados, é definida uma taxa mais uma parte variável, como 5% + taxa Selic. Títulos pós-fixados já fazem o trabalho de atualizar o próximo aumento ou recuo nos juros. No entanto, é preciso tomar cuidado com os pré-fixados, devido às mudanças que ocorrem nas taxas de juros da economia brasileira. “Às vezes tem prefixado que está com taxa mais alta do que a taxa Selic, exatamente porque o mercado espera que ela suba até acima daquela taxa”, detalha Fontes.

Em 2021, passado, prefixados como o IPCA+ tiveram grande desvalorização com a subida na taxa de juros. “No ano passado, o IPCA+2045 rendeu 25% negativo. Por isso é preciso muito cuidado com os títulos longos, principalmente se o investidor não conseguir levar eles até o vencimento”, reforça a especialista.

Independente do prazo, o investidor precisa verificar a liquidez do título, conforme Romano. “Quando você compra um título bancário, muitas vezes não há liquidez diária. Um título bancário vai acumulando dia a dia um pouco. E você não poder não poder vender antes do vencimento”.

Além disso, para aqueles com liquidez, os prazos mais longos são mais arriscados por conta da marcação a mercado. “A duration dos títulos, quanto maior a duração dela, maior vai ser o impacto da marcação a mercado, tanto positiva quanto negativa. Em um ciclo de alta muito forte nos juros para os títulos longos acaba sendo muito prejudicial”, completa.

Vou pagar imposto?

Os investimentos de renda fixa como fundos, CDBs e debêntures estão sujeitos a uma tabela regressiva de Imposto de Renda. No entanto, as alíquotas diminuem de acordo com o prazo do investimento.

Até seis meses, a alíquota é de 22,50%.

De seis meses a um ano, 20,00%. Entre um e dois anos, 17,50%. Acima de dois anos, de 15,00%.

Caso o investimento seja resgatado antes do 30º dia, ainda deve sofrer incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A tabela varia conforme o número de dias de aplicação.

Além da poupança, a tributação possui exceções como o caso das LCIs e LCAs. Todos os ativos de renda fixa precisam ser declarados no Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), incluindo os que são isentos.