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Diversificar e rentabilizar: veja porque você deve expor sua carteira a fundos de ativos globais

Analistas comentam a adesão de brasileiros a produtos internacionais e desmistificam dúvidas quanto a essa opção de investimento

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Dez em cada dez especialistas sérios usam um termo-chave fundamental para o sucesso dos investimentos: diversificação. Quem parcela o dinheiro em diferentes quantias em diferentes formas de investimento impede que a sua carteira se exponha ao risco de perdas generalizadas. E, mais do que isso, possibilita novas opções de rentabilidade.

Nos últimos anos, investidores brasileiros têm explorado suas alternativas até mesmo para exposição de suas carteiras a ativos desenvolvidos no exterior. 

Faz sentido investir em ativos globais agora?

Se os investimentos internacionais são atraentes para proteger a carteira de riscos que o ambiente doméstico oferece, o momento atual parece ainda mais oportuno. Nos últimos 30 dias, de 21 de março a 20 de abril, o dólar americano se desvalorizou em 5,46%. A moeda encerrou a última terça-feira (19) cotada a R$ 4,67. Desde 21 de março, o ativo se mantém abaixo do patamar de R$ 5,00, quando encerrou o dia a R$ 4,9435 – o menor valor desde 29 de junho de 2021 (R$ 4,9431).

Ernesto Leme, CCO da Claritas Investimentos, diz que os fundos expostos a ativos globais sofrem com esse movimento, mas não podem ser descartados como opção de investimento. “O mercado hoje em dia oferece fundos imobiliários, de ações, de multimercados, de renda fixa – que são títulos de crédito globais. Esses ativos sofrem principalmente com a oscilação das taxas de juros, mas são bem prestigiados no mercado”.

Leme ainda pontua o efeito das ações militares da guerra entre Rússia e Ucrânia no leste europeu. “Nessa grande questão, precisamos estar de olho na extensão mundial desse conflito. Como ele pode afetar de uma forma ainda mais contundente o cenário geopolítico”, complementa.

Com mais de 20 anos de atuação no mercado, a Claritas detém R$ 9,2 bilhões sob gestão. Desde 2012, a Claritas faz parte do Principal Financial Group. Dentre os fundos oferecidos pela gestora estão o Principal Global Property SEC FIC FIM IE e o Principal High Yield FIM IE. Ambos exigem a aplicação mínima inicial de R$ 5 mil.

Como os investimentos em ativos globais têm se popularizado no Brasil?

Ian Caó, sócio fundador da Gama Investimentos, avalia que esse movimento ainda ocorre de maneira lenta no Brasil. “Os investimentos de brasileiros em outros países ainda são uma fração mínima do que temos de média mundial, mesmo em relação a outros países, que, por serem mercados mais maduros, supostamente teriam menos incentivos a procurar alternativas”, pontua.  

Entretanto, Caó atribui ao movimento, que diz ver como “recente”, o desenvolvimento de um certo grau de maturidade desenvolvido na sociedade quanto à forma de lidar com o seu próprio patrimônio. O executivo avalia que hoje existe um nível maior de consciência financeira, que “tem ocorrido pouco a pouco”. Nesse percurso, o avanço da tecnologia também ajuda ao simplificar e, “em certo nível, democratizar serviços bancários e de investimentos”. 

“Até há alguns anos, a gente tinha uma predominância muito grande dos bancos tradicionais – uma espécie de oligopólio – em cima de todas as decisões, de qualquer tipo de negociação financeira, como tomada de crédito, abertura de contas e investimentos. E também, por muito tempo, tivemos juros muito altos. Isso deu muito conforto a uma certa ‘inércia rentista’, um viés de que as pessoas têm que investir somente no próprio país”, conta.

Caó prossegue e diz que esse cenário favorecia apenas aos mais ricos. “Os investimentos no exterior eram permitidos só para o topo da pirâmide, para gente que poderia, inclusive, investir direto fora do país. Eles já tinham dinheiro fora e estruturas para tal”, conta. Ele atribui às plataformas de investimento – “de uns cinco anos para cá, apesar de existirem há mais tempo” – a democratização do acesso a ativos do exterior, à medida que essas mesmas empresas também foram responsáveis por melhorar o acesso dos brasileiros aos investimentos locais. 

“Quanto mais plataformas surgem e mais pessoas aderem, naturalmente melhores produtos são criados, outros aprimorados e depois se tem esse salto para real diversificação de investimentos”, diz. “E a tecnologia foi super importante para cadastrar as pessoas com mais praticidade. Você aperta três botões, assina e pronto: Tudo pacificado do ponto de vista legal, com acesso a produtos maiores e melhores”, afirma.

No ponto de vista de Caó, o avanço da educação financeira, somado ao bom uso da tecnologia, fez com que grande parte da população despertasse para a necessidade de investir. “Enquanto uma parcela das pessoas ficou somente na poupança, nós pudemos observar toda uma outra camada a qual especialistas conseguiram acessar e explicar: ‘olha, você tem que diversificar, procurar outras classes, diminuir a correlação, ter um pouco mais de risco’. O que passa a fazer sentido para cada vez mais e mais pessoas”, conclui.

Caó vê na diversificação internacional uma “etapa seguinte” a esse movimento de conscientização. “As pessoas veem que faz muito sentido repartir para diversificação internacional. Depois de um tempo, compreendem que existe uma correlação grande entre ativos, não importa em qual país você esteja”. Ele prossegue: “As pessoas passam a analisar vetores de acontecimentos que impactam praticamente todo o investimento com mais detalhes, como o nosso Risco Brasil” – CDS (Credit Default Swap), medidor do grau de risco percebido por investidores internacionais sobre o país.”

Hoje, a Gama Investimentos possibilita acesso ao fundo Acadian China A Shares, da Acadian, a fundos da Bridgewater, a produtos da Man Group e a Oaktree.

O mercado cresce, mais produtos aparecem

Para o economista Will Castro Alves, a possibilidade de abrir ao público de varejo os investimentos internacionais e permitir uma diversificação que, de fato, mitiguem riscos nas carteiras das pessoas são a razão de ser da Avenue Securities, da qual também atua como sócio. Pela corretora, investidores brasileiros podem investir em ações, ETFs, ADRs e REITs nos EUA.

“Na década de 1970, o Banco do Brasil já tinha uma agência em Miami. Investimentos de brasileiros lá fora existem faz tempo, mas eram ofertados de maneira restrita”, conta William. O executivo relata então que o caminho para a Avenue era abrir acesso a mais pessoas, o cliente varejo, os pequenos investidores. 

“Nossos clientes têm até R$ 1 milhão de capacidade para investir no exterior. Se você pega desse patamar para baixo, você vê ainda mais latente a dificuldade desses clientes acessarem esses produtos. Então, a Avenue foi pensada para dar escala a eles e retirar todas as dificuldades que eles podem ter”, diz. 

Hoje, em pouco mais de três anos de operação, mais de 5 milhões de transações foram movimentadas por cerca de 450 mil investidores, que têm acesso a produtos norte-americanos por meio da Avenue. Para dar base de conhecimento a esse grande número de pessoas, a corretora criou a Avenue Academy. “Montamos esse braço educacional para formar investidores, para que eles aprendam a navegar no maior mercado  do mundo”, conta Will.

Em fevereiro, a corretora passou a oferecer também uma plataforma para investimentos em criptomoedas. São, ao todo, 30 ativos digitais disponíveis, entre eles o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH), e outros ativos que têm ganhado a atenção dos investidores recentemente, como Cardano (ADA), Solana (SOL), Shiba Inu (SHIB), entre outras.

“Acho que são os ativos mais globais que um investidor pode ter, por conta desse sistema descentralizado também e são uma nova realidade. As criptomoedas vieram para ficar”, diz Will. O executivo conta que a plataforma foi bem avaliada em seus primeiros dias de funcionamento.