Pressionada pela alta da Selic, principalmente nos produtos de prazo d+2 com preço quase pré-fixados, o lucro líquido recorrente da Cielo (CIEL3), de R$ 185 milhões, poderia ser melhor. Essa foi a avaliação dos analistas Bruno Bandiera e Eduardo Nishio, da Genial Investimentos.
Eles pontuam que mesmo assim, a melhora operacional foi suficiente para garantir uma alta do lucro recorrente de 36% sobre um fraco comparativo do primeiro trimestre do ano passado.
Entretanto, os analistas alegam que não foi o bastante para superar os números mais robustos do 3T21 e no 4T21, com quedas de 13,0% e 39,0%, respectivamente.
Bandiera e Nishio destacam, em relatório, que o Brasil atravessava a pior fase da pandemia entre o 1T21 e o 2T21, onde uma melhora anual no 1T22 era naturalmente esperada.
No geral, avalia a Genial Investimentos, a evolução operacional da Cielo foi puxada por um forte desempenho da unidade Cateno, expansão do negócio de antecipação de recebíveis, controle de custos e recuperação dos volumes de cartões em decorrência do arrefecimento da pandemia.
Recentemente, a corretora rebaixou a recomendação de compra para manter, com o preço-alvo de R$ 3,30.
A visão mais cautelosa da Genial Investimentos se justifica pelos seguintes pontos:
- fim dos principais gatilhos de curto prazo já terem sido destravados após a venda da Merchant e-Solutions;
- valuation mais justo após a alta da ação;
- riscos regulatórios (PIX, marketplace de recebíveis, etc.) e
- constante competição.
Bandiera e Nishio acreditam que o cenário desfavorável deve continuar a assolar estruturalmente o setor. Além disso, apesar de acharem que faça sentido, há uma baixa probabilidade de fechamento de capital pelos controladores nesse momento eleitoral, dado que um deles – o BB (BBAS3) – tem caráter estatal.
Às 11:06 desta quarta-feira (4), as ações de Cielo (CIEL3) caíam 2,92%, ao preço de R$ 3,32 cada. Desde o início do ano, os papéis se valorizaram em até 51,6%.