Por Peter Nurse, da Investing.com – Os preços do petróleo se valorizavam no início da tarde desta quinta-feira (12) após abrir o dia em baixa, em meio à divulgação de níveis baixos da commodity nos Estados Unidos. Segundo relatório da agência americana EIA, há uma escassez global dos derivados de petróleo, e os estoques na última semana atingiram o patamar mais baixo desde 2005.
Às 13h01, os contratos futuros do petróleo WTI, cotado em Nova York e referência de preço nos EUA, eram negociados com alta de 0,42%, a US$ 106,15 por barril, enquanto os contratos do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, apresentavam alta de 0,17% a US$ 107,66.
O petróleo operava em baixa na manhã desta quinta-feira, em meio a receios de que uma recessão, os prolongados lockdowns da Covid-19 na China e a a guerra na Europa Oriental irão atingir com gravidade a demanda global.
Os preços do petróleo estão sob pressão esta semana, em meio a preocupações de que a elevação das taxas de juros para combater a inflação irá reduzir drasticamente o crescimento econômico global, possivelmente mergulhando algumas regiões em uma recessão.
Os dados do produto interno bruto, divulgados na quinta-feira anterior, mostraram que a economia britânica cresceu menos do que o esperado no primeiro trimestre, em 0,8%, com os dados preliminares sugerindo que ela, na verdade, recuou no mês de março, em 0,1%.
O Reino Unido é o primeiro dos países do G7 a divulgar os seus dados relativos ao PIB do primeiro trimestre e proporciona uma projeção preocupante sobre os números de outros países nos próximos dias.
Os lockdowns prolongados da Covid-19 no maior importador de petróleo bruto mundo, a China, além da maior valorização do dólar em duas décadas, também impactaram o mercado.
Com isto em mente, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo reduziu sua previsão para a demanda mundial de petróleo este ano em seu relatório mensal de maio.
O grupo dos principais produtores mundiais espera agora que a demanda global cresça em média apenas 3,4 milhões de barris por dia este ano, abaixo da estimativa prévia de 3,7 milhões de barris/dia. Isto mascara a dramática desaceleração do crescimento entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano – enquanto a procura no primeiro trimestre subia 5,2 milhões b/d, espera-se que o crescimento da demanda recua para 2,8 milhões b/d no trimestre em curso.
A Agência Internacional da Energia também divulgou o seu relatório mensal no início da quinta-feira, e embora o grupo sediado em Paris tenha recuou do seu anúncio anterior, de que a menor produção da Rússia, impactada por sanções, poderia resultar num possível "choque global da oferta", ela ainda alertou quanto aos impactos sobre a demanda.
"Espera-se que a disparada dos preços nas bombas e a desaceleração do crescimento econômico limitem consideravelmente a recuperação da demanda pelo resto do ano e em 2023", afirmou a IEA.
"Os extensos lockdowns em toda a China… estão motivando uma desaceleração significativa no segundo maior consumidor de petróleo do mundo", acrescentou a agência.
Quanto ao abastecimento, a União Europeia ainda não chegou a um acordo quanto aos detalhes do embargo proposto ao petróleo russo, com a Hungria se opondo à proibição e impedindo o acordo unânime, devido à sua dependência do abastecimento de Moscou.
"Os húngaros disseram que só apoiariam a proibição se houver uma exceção para os fluxos de petróleo russos em oleodutos," escreveram os analistas do ING em relatório.
"Se isso ocorresse, atenuaria consideravelmente o impacto do embargo, dado que os fluxos do oleoduto de Druzhba totalizam ao redor de 1Mbbls/d, que é uma porção significativa dos cerca de 2,3Mbbls/d de petróleo bruto que a UE importou da Rússia em 2021".