1T22

Temporada de balanços mostra tendência de alta para lucros do Ibovespa, diz Guide

Segundo relatório da casa, apesar do cenário macroeconômico desafiador, as empresas do Ibovespa reportarem, em sua maioria, números robustos, com crescimento elevado em relação ao 1T21

- Jannoon028/Freepik
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Apesar dos desafios enfrentados no cenário macroeconômico global, durante a temporada de balanços do primeiro trimestre, as empresas do Ibovespa conseguiram reportar, em sua maioria, números robustos, com crescimento elevado em relação ao mesmo período de 2021. Segundo relatório da Guide Investimentos, o destaque foram as empresas do setor de commodities, com destaque para  Energia (Óleo & Gás).  

O documento assinado pelos analistas Fernando Siqueira, Rodrigo Crespi e Gabriel Gracia ressalta que o primeiro trimestre foi marcado por uma forte alta do preço das commodities, impulsionada pelo choque de oferta, fruto da disrupção na cadeia de suprimentos – herança do período pandêmico -, a  guerra entre Rússia e Ucrânia, lockdowns impostos na China, investimentos baixos na exploração e produção de petróleo e problemas climáticos que afetaram lavouras no Brasil. 

No gráfico abaixo, a equipe da Guide mostra surpresas positivas em boa parte dos balanços do 1T22,  tanto de Ebitda (44% acima das estimativas) como de lucro (54% acima das estimativas). Para o  cálculo, foram excluídas empresas do setor financeiro. 


  

Highlight

Dentre os setores de commodities, Energia foi o principal highlight, com surpresa positiva da Petrobras (PETR4), sendo inclusive considerada a petrolífera mais lucrativa (Ebitda 5% acima das expectativas) do mundo no período, e a PetroRio (PRIO3), que graças a uma maior eficiência operacional, surpreendeu o mercado (Ebitda 7% acima das expectativas).

Segundo a Guide, o aumento de receita no setor é justificado pelo preço elevado do Brent entre janeiro e março.

O setor de Agro/Alimentos também foi capaz de entregar números elevados, impulsionado pela forte demanda global, em especial, de carne bovina, que ajudou no desempenho dos números operacionais de JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3), entregando Ebitda 4%, 5% e 4% acima das  expectativas, respectivamente.

"Fora do Ibovespa, as produtoras de semente também se beneficiaram  pelo choque de oferta de seus produtos, o que garantiu melhores preços realizados.Vimos ainda as empresas voltadas à Economia Doméstica também surpreendendo positivamente  no período. O setor de Utilidades Públicas (Elétricas e Saneamento), foi um dos grandes destaques positivos na temporada, impulsionado pela recuperação dos reservatórios hídricos", afirmaram os analistas da Guide.

Shoppings

Outro setor de destaque foi o de shoppings, que com a normalização do fluxo de pessoas, apresentou  números superiores  aos reportados em 2019, período pré-pandêmico.

No setor de Construção Civil, a continuidade de lançamentos em patamares equiparáveis aos anos precedentes à pandemia combinada com a manutenção de uma elevada velocidade de vendas, baixo  nível de estoques e endividamento, permitiram às incorporadoras a publicarem resultados  operacionais robustos, com destaque para as companhias de renda média-alta.  

Banco

Na visão da Guide, os Bancos também foram capazes de trazerem bons números em seus balanços, além de manutenção de um ROE elevado.

O principal highlight apontado pelos analistas foi Banco do Brasil (BBAS3), que demonstrou resiliência superior em sua carteira, com PDD controlada e índice de Basileia estável, entregando lucro líquido 18% acima das estimativas do mercado para o trimestre. 

"Alguns subsetores de consumo discricionário seguem em forte recuperação/expansão, especialmente  as varejistas de alta (SOMA3, VIVA3 e ARZZ3) e média renda (LREN3). Já no Consumo Não-Cíclico, as  empresas de atacarejo (ASAI3 e CRFB3, com Atacadão) também foram destaques no trimestre", ponta o relatório.

 
Na contramão

Na ponta negativa da temporada de balanços, a Guide aponta o setor de Saúde foi uma das principais decepções (ex: HAPV3) dado o elevado número de fusões ocorridas anteriormente, além de maiores despesas  médico-hospitalares e reajustes negativos de planos individuais.

De acordo com o relatório, o E-commerce novamente viu mais um período bastante desafiador, dada a menor capacidade no repasse do aumento de custos (VIIA3),  aliada a queda do poder de compra da população e competição setorial mais intensa, entretanto o  movimento de pressão de margens iniciado no 3T21, mostrou certa desaceleração neste trimestre nas  empresas de e-commerce, que apesar de resultados fracos, observamos relativa melhora operacional  (AMER3 e MGLU3). 

  
Próximos trimestres  

"Acreditamos que estes resultados devem manter a tendência de alta nas estimativas de lucros do  Ibovespa, que têm aumentado consistentemente desde o fim da pandemia. As produtoras de commodities têm liderado a alta em função do aumento do preço das commodities e pela depreciação do Real. Excluindo as produtoras de commodities, os resultados também são positivos", analisa a equioe da Guide.

"Acreditamos que esta tendência deve se manter nos próximos trimestres,  particularmente por conta da recuperação econômica e pelo fim da pandemia. As projeções de  crescimento do PIB em 2022 passaram de ~0% no início do ano para cerca de 1% atualmente, com  chances de revisões para cima nos próximos meses em nossa visão, dado o forte crescimento visto  no 1T22 em variáveis como vendas no varejo e receita do setor de serviços, ambos divulgados pelo  IBGE. O fim da pandemia também deve contribuir para a melhora dos resultados no Brasil: as  empresas mais afetadas pela pandemia ainda não recuperaram toda a perda de receita que tiveram  desde que a pandemia começou. É o caso por exemplo de diversas empresas de varejo, como Lojas  Renner, empresas de educação, como YDUQS, empresas de transportes e turismo como CVC, entre  outras".