Relatório do BTG Pactual aponta que a Localiza vem negociando de lado no último ano apesar da aprovação do Cade em relação à fusão com a Unidas. No entanto, o banco enxerga que a combinação de alguns fatores pode impulsionar as ações da companhia no curto prazo.
"Associamos o fraco desempenho ao aumento do custo de capital, à crescente aversão ao risco em relação aos mercados emergentes e ao desempenho frustrante da indústria automotiva (adiando ainda mais os planos de expansão da frota)", pontua o BTG.
No entanto, o banco vê uma combinação de tópicos que deve ajudar a melhorar o sentimento dos investidores sobre a ação no curto prazo:
– discussões sobre o Projeto de Lei 5.638/2020, que poderia fornecer incentivos fiscais para o setor de turismo, potencialmente reduzindo impostos federais sobre aluguel de carros empresas;
– desdobramentos no processo de fusão LocalizaUnidas, uma vez que o fluxo de notícias local está mostrando negociações contínuas com vários potenciais compradores dos veículos que precisam ser vendidos como parte das medidas antitruste.
Incentivos fiscais
No final de março, o Congresso retirou o veto presidencial ao Projeto de Lei 5.638/2020, avançando assim com a implementação de incentivos fiscais federais para o setor de turismo por 5 anos.
No relatório, o BTG ressalta que, segundo o relator do projeto, o auxílio é necessário devido aos impactos negativos da Covid no setor de turismo do Brasil. Embora possa haver algum debate adicional sobre o tema, as locadoras de veículos são elegíveis para a isenção de impostos sobre veículos explicitamente usados em serviços turísticos.
"Assumindo isenções fiscais de PIS/COFINS e IRCS na frota de RAC de turismo da RENT, estimamos que o lucro líquido aumentaria em 7-10%. É importante mencionar que isso deve beneficiar todas as locadoras de veículos (Movida e Unidas também)", diz o BTG.
Fusão com a Unidas
Após a aprovação do negócio pelo Cade em dezembro passado, a continuidade do vínculo Localiza-Unidas ficou condicionada a: (i) negociação do desinvestimento (remédios do CADE) de veículos com um comprador; (ii) aprovação do comprador pelo CADE; e (iii) verificação de todas as condições preliminares.
"De acordo com o fluxo de notícias recente, vários grupos vêm estudando os ativos a serem desinvestidos pela Localiza-Unidas. O fato de haver mais de um player interessado nos ativos ajuda no fechamento do negócio, bem como as condições de precificação", avalia o BTG.
Entre as soluções estão: (a) venda de parte da frota de RAC da Unidas (cerca de 50 mil carros); (b) venda da marca Unidas; e (c) venda de parte de suas lojas de seminovos.
"Assumindo os preços atuais de carros usados, esperamos que a venda gere um potencial de desalavancagem de R$ 3,0- 4,0 bilhões para a Localiza, ajudando na expansão da frota neste ano e no próximo. Esperamos que o anúncio seja um catalisador de curto prazo para as ações da RENT3, dadas as sinergias relevantes a serem capturadas".
Assim, diante de tudo, o BTG acredita que os fundamentos de investimento de longo prazo para a Localiza estão inalterados, justificando a classificação de Compra e preço-alvo de R$ 75.
Às 11h45 desta terça-feira (31), as ações da companhia subiam 0.72%, a R$ 57,41.