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ARTIGO - Música no Metaverso: a harmonia que nasce da discórdia?

Os arquitetos desse novo futuro, onde os músicos são bem remunerados e os fãs recompensados pelo apoio, já estão fazendo fila

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Por Nathan Thompson

Durante a última hype por NFTs, a maior parte do dinheiro destinou-se a projetos de fotos de perfil com vagas aspirações de construir algo no metaverso, mas em segundo plano, alguns usos excelentes de NFTs estavam sendo testados, inclusive algo que vai mudar a forma como consumimos música. 

Produtos musicais em NFT estão reformulando a indústria da música a favor de artistas que, pela primeira vez, podem representar suas criações on-line como tokens únicos.

A banda Kings of Leon lançou o primeiro álbum em NFT em março de 2021 com animações exclusivas e download digital, outros produtos em NFT da coleção incluíam assentos de primeira fila para seus shows. 

Os NFTs (ou Tokens Não Fungíveis) permitem que os artistas incrementem suas faixas musicais com elementos extras, como artes exclusivas, ingressos para shows e experiências pessoais. Eles podem vendê-las diretamente aos fãs, eliminando intermediários como gravadoras e distribuidores.

“Os últimos 20 anos foram duas décadas perdidas, pois vimos a desvalorização da música”, disse à Rolling Stone Josh Katz, fundador e CEO da plataforma de música em NFT, YellowHeart.

“A música tornou-se um ótimo veículo para vender tudo, exceto música. Houve uma enorme desvalorização e seu acesso passou a ser possível a preços módicos."

O preço da música despencou próximo à virada do milênio, quando os arquivos MP3 apareceram e as pessoas começaram a compartilhá-los em plataformas como o Napster.

Hoje em dia, as gravadoras normalmente dividem os royalties em duas partes iguais, e com a escassa renda que vem de plataformas como o Spotify, fica difícil sobreviver.

Os produtos em NFT, sejam eles arte, música ou literatura, resolvem o problema da disseminação de cópias de arquivos na internet.

Os NFTs também beneficiam os fãs porque acumulam valor tornando-se itens colecionáveis. Agora, em vez de entediar as pessoas durante o jantar (como estou propenso a fazer) com um papo sobre ter visto os primeiros pioneiros do dubstep em Brixton em 2002, você pode ter um NFT para provar isso. E é muito provável que a tecnologia de NFT cresça em valor junto com a carreira do artista. 

Assim como muitas inovações de blockchain, essa também representa grande melhoria no sistema antigo, mas vamos olhar para o futuro e descobrir o que isso pode significar para o metaverso. 

Quando eu era jovem e rebelde, meus amigos e eu demonstrávamos nossa adoração pelo Prodigy ou Nirvana comprando seus CDs, vestindo suas camisetas e, se você tivesse tendências anarquistas, rabiscando seus logotipos e letras em nossas mochilas e pastas escolares.

Quando ficamos mais velhos, passamos a comprar alto-falantes enormes e a escutar nossas músicas favoritas na maior altura com as janelas abertas. 

Espero que ainda haja um lugar para esse tipo de farra no futuro, mas as possibilidades do metaverso tornarão os grupos de fãs muito mais interessantes. Por exemplo, os produtos em NFT da sua banda favorita podem ficar pairando ao redor do seu avatar como vaga-lumes e seus amigos podem tocá-los e experimentar a música com uma exibição sinestésica de arte, letras e movimento. É uma maneira fantástica de descobrir novas músicas!

Os NFTs já servem como passes para shows ou bastidores. No metaverso, você pode exibir os shows que assistiu com links para as gravações.

Os artistas se beneficiarão de terem menos obrigações relacionadas a questões legais e de marketing que acompanham as gravadoras e distribuidores tradicionais.

A criatividade no metaverso será liberada quando os artistas puderem ganhar a vida vendendo e se apresentando diretamente para os fãs. “É o cúmulo da alegria criar sem expectativas ou limites auto-impostos”, disse o pioneiro da garage, MJ Cole, sobre seu último lançamento, atualmente em leilão por 0,5 ETH. “Música por música”.

Os arquitetos desse novo futuro, onde os músicos são bem remunerados e os fãs recompensados pelo apoio, já estão fazendo fila.

Os fãs de música ficaram surpresos ao ver o retorno do antigo projeto de compartilhamento de arquivos LimeWire que, depois de mais de uma década no ostracismo, está voltando à ativa com produtos de música em NFT.

Para não ficar para trás, o Spotify está testando a integração NFT em sua plataforma, que permite que os artistas mostrem seus produtos em NFT junto com links para comprá-los.

Salvo exceções, o artista mantém os direitos autorais sobre a música mesmo quando o NFT é vendido. E geralmente, a música fica disponível em aplicativos como o Spotify, para que ninguém fique de fora.

Parece que o metaverso (que basicamente combina uma internet de propriedade intelectual com realidade virtual) criou uma maneira dos músicos terem acesso aos seus fãs como fonte de receita, ao mesmo tempo em que libera a enorme quantidade de capital que ficou empacada na ultrapassada indústria fonográfica. 

A música no metaverso envolverá menos protecionismo da indústria, mais criatividade e uma melhor conexão entre músicos e fãs. “Possuir um sentimento é algo poderoso”, disse o colecionador de música em NFT, DegenDaVinci, no Twitter:“Adorei comprar "Bronx Baby" do Smooky MarGielaa. Além de apoiar um artista recém-independente que está começando por conta própria, comprei um sentimento. Compre um sentimento. Acho que você vai gostar.”

*Nathan Thompson é redator líder de Tecnologia da Bybit, uma das exchanges de criptomoedas que mais cresce no mundo. Antes disso, trabalhou como jornalista por mais de dez anos cobrindo o Sudeste Asiático.

Com informações de Ryto.