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EcoRodovias (ECOR3): por que o arremate do Lote Noroeste desagradou tanto aos investidores?

As ações da EcoRodovias (ECOR3) despencaram 11,97% na sessão de quinta-feira (15), o que fez com que a empresa liderasse a lista de baixas do Ibovespa no dia

- Divulgação/Ecorodovias
- Divulgação/Ecorodovias

As ações da EcoRodovias (ECOR3) despencaram 11,97% na sessão de quinta-feira (15), o que fez com que a empresa liderasse a lista de baixas do Ibovespa no dia.

Na ocasião, a companhia arrematou o Lote Noroeste de rodovias de São Paulo. A ação chegou a entrar em leilão na B3 (B3SA3) por três vezes.

O lance vencedor de R$ 1,236 bilhão representa ágio extraordinário de 16.151% sobre o valor mínimo de outorga fixa (R$ 7,6 mi). Os investidores não gostaram nada de a empresa ter pagado tanto, com sede desnecessária ao pote.

Nesta tarde de sexta-feira (16), às 13:23, os papéis já reagiam e recuperavam parte das perdas com um avanço de 1,30%, cotados a R$ 5,44 por unidade.

O Santander mantém classificação outperform para as ações ECOR3, com preço-alvo de R$ 11,50. Analistas acreditam que aumentou a probabilidade de a companhia anunciar uma oferta de ações com o projeto conquistado, principalmente devido ao robusto pipeline de projetos a serem leiloados nos próximos anos.

Para o Morgan Stanley, que reiterou classificação over-weight e preço-alvo de R$ 11,00, não houve surpresa com a má reação do mercado, levado em conta o tamanho do prêmio dos lances de EcoRodovias em relação aos seus rivais e porque analistas creem que o nível de alavancagem tem sido uma preocupação significativa para os investidores.

Além disso, os ativos do Lote Noroeste eram atraentes por seu baixo risco, porque as estradas têm uma longa história, e a demanda sobre elas já foi bem conhecida, como a topografia plana e não deve haver grandes problemas de execução de capex.

O BTG Pactual destacou que o ativo se destaca como um brownfield, portanto, com menor risco de execução devido ao seu desempenho de tráfego bem documentado.

Analistas relembram que a companhia venceu o Rio-Valadares no início deste ano e Araguaia no ano passado, que juntos representam investimentos totais de R$ 21 bilhões de projetos conquistados após 2020.

Com as ações negociadas a uma TIR real de 14%, o BTG Pactual mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 10,00. Os papéis permanecem como uma boa escolha para um cenário de flexibilização das taxas de juros.

Por outro lado, a alavancagem elevada e capex são os principais ventos contrários para a ação, diz o BTG.

O Bradesco BBI reiterou classificação outperform, com um preço-alvo de R$ 12,00 neste ano.

Para os analistas, a EcoRodovias pode alcançar um retorno alavancado atrativo de 13,5% referente à concessão Noroeste Paulista.

Embora a taxa de concessão de R$ 1,2 bilhão (a ser paga antecipadamente em 2023) pareça agressiva, notam que a diferença nos lances oferecidos pela Ecorodovias e CCR foi R$ 483 milhões menor que o EBITDA de mais de um ano para esta concessão com as operações da Intervias e Tebe.

Tanto a Ecorodovias quanto a CCR pareciam esperar retornos semelhantes.

O Bradesco BBI projeta ainda que a alavancagem financeira da EcoRodovias poderia aumentar para 4,3x dívida líquida/EBITDA 2023, e então
caiu para 3,7x em 2024, de 4,1x dívida líquida/EBITDA LTM no 2T22.

Embora essa alavancagem limite o poder de fogo da companhia a licitar novas concessões sem realizar uma oferta de ações, se levarmos em consideração sua resiliência de fluxo de caixa, plano de capex e perfil da dívida, a alavancagem parece ser administrável.

Por fim, estimam que o Noroeste Paulista deve adicionar VPL de R$ 523 milhões ou R$ 0,80 por ação.

O Bank of America (BofA) mantém recomendação de compra, com um preço-alvo de R$ 11,10. Analistas veem o poder de fogo da companhia restrito para novos projetos.

Eles citam que a empresa ganhou outras duas concessões recentemente, que somam mais de R$ 20 bilhões em capex exigidos. Com este novo lance, veem agora o capex compromissado de R$ 47 bilhões (cerca de 13x o EBITDA de 2024E anterior a cerca de 11x, ou 1.223% do valor de mercado de 912%).

Calculam a dívida líquida/EBITDA em 4,3x no 1T23, após o desembolso da taxa de concessão (antes do EBITDA/Capex ser refletido no resultado), de 3,8x.

A concessão gera EBITDA desde o início e estende a duração de seu portfólio, segundo a EcoRodovias. O bloco se trata de um re-leilão de duas concessões rodoviárias existentes: TEBE e Triângulo do Sol, que ligam cidades como São José do Rio Preto, Araraquara, São Carlos e Barretos.

O bloco tem uma extensão de 600 km, com um capex estimado de R$ 10,4 bilhões a ser executado durante 30 anos.