Em sua conta oficial no Instagram, o influenciador digital e idealizador do canal O Primo Rico, Thiago Nigro, entrevistou o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (28).
Entre os assuntos abordados durante a live, Bolsonaro respondeu sobre orçamento secreto, questionamentos sobre a desigualdade no Brasil, privatizações de estatais e as razões pela qual se candidata à reeleição.
Além disso, voltou a defender e disse que está em estudo a taxação de lucros e dividendos. Ele relembrou o corte de impostos em produtos, com a alegação de que a arrecadação não foi prejudicada pelas medidas mesmo assim. Entre outras medidas, o presidente ressaltou a criação da Lei de Liberdade Econômica e a derrubada de milhares de normas reguladoras.
O presidente fez a defesa de sua política em favor do empreendedorismo e disse que, hoje, abre-se uma empresa com maior agilidade e mesmo por meios virtuais. O que, segundo ele, levava “até quatro meses” para abrir em 2010, no fim do segundo mandato do ex-presidente Lula (PT).
E, ainda, ressaltou o grande número de deputados federais eleitos pelo PL e pela aliança com as legendas PP e Republicanos, e também os nomes ligados ao seu governo que se elegeram ao Senado Federal e outros que disputam o segundo turno em pleitos estaduais.
Polêmicas do segundo turno
O presidente atribuiu ao Partido dos Trabalhadores (PT) o que chamou de “fake news”sobre suas intenções de privatizar empresas como o Banco do Brasil (BBAS3) e a Caixa Econômica Federal, além dos rumores de que sua equipe econômica planeja diminuir o salário mínimo, como informou a Folha de S.Paulo por meio de documentos obtidos em vazamento.
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Condução da política econômica
Bolsonaro ainda defendeu o Auxílio Brasil a R$ 600 e disse ter feito sua parte com responsabilidade no enfrentamento à pandemia de Covid-19, no socorro aos mais pobres e retornou o discurso de que o País se encontra em melhor situação econômica que outros. “Demagogia não faz parte da cartilha do Paulo Guedes e nem da minha”, afirmou.
Por que se candidatar à reeleição?
A Nigro, o presidente tornou a defender o livre mercado, a iniciativa privada e a liberdade de expressão e disse que essas bandeiras são algumas das razões pelas quais concorre à reeleição.
“Quando eu fui eleito pela sétima vez para deputado federal, algo aconteceu em mim que não consigo explicar até hoje: tenho que mudar o destino do Brasil! Mas quem eu era? Um relés deputado do baixo clero. […] Montamos um ministério técnico. Meu primeiro encontro com o Paulo Guedes foi um ano antes das eleições. Eu falei: você tem que estar ao meu lado!”.
Sobre a denúncia do UOL sobre a compra de 51 imóveis que sua família fez, durante 32 anos, em dinheiro vivo, Bolsonaro respondeu que não tem cabimento ser responsabilizado. Ele afirmou possuir cinco imóveis e reclamou que sua vida foi revirada desde 2017.
Orçamento secreto
Quanto ao orçamento secreto, Bolsonaro afirmou que a medida foi uma resposta a sua indisposição de distribuir cargos e estatais. Ele alegou que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB), queria a recriação do Ministério das Cidades.
Maia, segundo Bolsonaro, não teria aceitado a recusa e parlamentares teriam elaborado a emenda em que o controle do orçamento passaria para o relator da peça orçamentária no ano vigente.
Ao Radar Econômico, da revista Veja, Maia desmentiu as declarações de Bolsonaro, a quem acusou de estar desesperado. “Desespero. Uma pena um presidente não falar a verdade”, escreveu Maia à coluna. “O presidente insiste em dizer que eu criei o Orçamento Secreto, mas a lei é dele, a sanção e a execução são dele”, disse o ex-presidente da Câmara.
Bolsonaro tornou a repetir que vetou o orçamento secreto, mas a Câmara derrubou sua decisão. Porém, o presidente assinou ato normativo do Poder Executivo meses depois, as chamadas RP-9, e encaminhou o texto que criou essa modalidade de emenda, em dezembro de 2019. O documento foi assinado pelo então ministro-chefe da Casa Civil Luiz Eduardo Ramos.
O escândalo veio à tona, em maio de 2021, em reportagem do Estadão. Veja a thread do repórter Breno Pires, que agora trabalha para a Revista Piauí, sobre o assunto:
Desigualdade
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tornou a usar a Venezuela como um mau exemplo de condução política econômica e social. “Político gosta de falar em desigualdade e isso foi o que o PT sempre fez. Lá, na Venezuela, todos são iguais em pobreza, apesar de ser o país mais rico do mundo em petróleo e com números de pobreza pior que o Haiti”, afirmou.
Covid-19
Jair Bolsonaro (PL) alegou que fez a compra de 500 milhões de vacinas e disse que quem queria se imunizar contra a doença pôde fazê-lo.
O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, apresentado em 20 de outubro do ano passado, pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), pediu o indiciamento de 66 pessoas e de duas empresas.
Entre elas, a Precisa Medicamentos, que intermediou a negociação de um contrato que acabou cancelado pelo Ministério da Saúde para a aquisição de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. A outra se trata da VTClog, contratada pelo Ministério da Saúde para cuidar da logística da distribuição de vacinas e insumos contra a covid-19, que também virou suspeita de irregularidades.
No parecer, o presidente Jair Bolsonaro foi responsabilizado pela prática de nove crimes: epidemia com resultado morte; infração de medida sanitária preventiva; charlatanismo, incitação ao crime; falsificação de documento particular; emprego irregular de verbas públicas; prevaricação; crimes contra a humanidade; e crimes de responsabilidade (violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo).
Educação financeira
Bolsonaro, por fim, disse que está pronto o esboço do currículo do Ministério da Educação (MEC) para disseminar a educação financeira no País entre crianças, adolescentes e jovens, de olho em números importantes como a marca de mais de 5 milhões de investidores Pessoa Física (PF) na B3 (B3SA3).
Às 17:00, a live vai estar editada e publicada no canal de Thiago Nigro, o Primo Rico.
Com informações de Agência Brasil e Veja