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Gleisi, Haddad, Lira e ex-ministros de Bolsonaro: como políticos reagiram à queda da Selic a 13,25%?

Pela primeira vez em três anos, o Copom cortou a taxa em 0,50 p.p. e prevê novas reduções de mesma magnitude nas reuniões restantes previstas para o ano

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda, em sessão no Senado Federal - Lula Marques, para a Agência Brasil
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda, em sessão no Senado Federal - Lula Marques, para a Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros Selic em 0,50 p.p., de 13,75% ao ano a 13,25% ao ano. Foi o primeiro corte promovido em três anos.

A última vez em que a autoridade monetária havia imposto um decréscimo nos juros básicos foi em agosto de 2020, quando a taxa declinou de 2,5% para 2,0% ao ano – o seu patamar mais baixo em toda a história.

Desde então, as altas consecutivas e a estabilização no nível de 13,75% por meses fizeram com que a taxa voltasse ao maior patamar desde 2016. 

O site Bom Dia Mercado aponta que seria mais coerente com o histórico do colegiado começar o novo ciclo com um corte de 0,25 p.p. e aponta que o voto de minerva do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, talvez tivesse sido outro, sem a presença de Gabriel Galípolo na diretoria.

Contudo, “o placar dividido (quatro a cinco) colocaria o presidente do Banco Central em um desnecessário confronto com o seu provável sucessor, que poderia gerar ruídos e especulações pelos próximos dois anos”, observou a jornalista Rosa Riscala.

No mundo político, a maioria das reações foi de comemoração, mas houve críticas.

Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não mudou o tom adotado desde o início do governo e não poupou críticas a Roberto Campos Neto, apesar do corte.

Na avaliação da parlamentar, o corte de meio ponto na taxa Selic não muda o fato de que o Banco Central impõe ao Brasil a maior taxa de juros do planeta.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou um discurso mais harmonioso e afirma que o voto de RCN foi ‘técnico’, sem ceder às pressões políticas, além de ressaltar que o dirigente da autoridade monetária desempenhou um ‘papel importante’ no processo de condução da política de juros.

“Eu tenho certeza, até por conhecê-lo há oito meses, que o presidente do BC votou com aquilo que ele conhece de economia”, declarou. Para Haddad, o voto “foi calibrado, à luz de tudo o que ele conhece da realidade do País”. 

Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República e ministro da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços, afirmou que “o governo gerou todas as condições para que esse movimento acontecesse: os índices de inflação caíram todos, as perspectivas melhoraram”. 

Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento e Orçamento, avaliou que, agora, “o BC fica em sintonia com o cenário atual, de queda da inflação e de melhoria fiscal como estruturais”. 

Na avaliação da política, “os avanços institucionais do país nos últimos 7 meses”, como a aprovação da reforma tributária pela Câmara, tem gerado as condições para os cortes nos juros.

Ao blog da jornalista Daniela Lima, do g1 e da GloboNews, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, comentou que o voto de Roberto Campos Neto foi técnico e vê sinais de novas quedas até o fim do ano.

“Devemos fechar 2023 com uma taxa de 11,75”, projetou, além de acrescentar a autonomia do Banco Central como “importantíssima” para o país, num sinal de que o Congresso Nacional mantém-se favorável ao entendimento que o órgão não pode sofrer maiores interferências políticas como deseja o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal, declarou que existe um “clamor muito forte da sociedade e do setor produtivo nacional” para quedas ainda mais significativas da taxa Selic. 

“Quero crer que seja o início de uma saga de redução da taxa de juros no Brasil”, afirmou durante a sessão do plenário do Senado Federal na última quarta-feira (2).

Tereza Cristina (PP-MS), senadora e ex-ministra da Agricultura no governo Jair Bolsonaro (PL), afirmou que RCN deu “uma lição de independência”.