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Ata do Copom: membros descartam cortes de 0,75 p.p. na Selic nas próximas reuniões

Na semana passada, o colegiado deliberou por uma redução de 0,50% na taxa básica de juros, cortada de 13,75% a 13,25% ao ano

- Agência Brasil
- Agência Brasil

O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira, 8 de agosto, a ata da última reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom), realizada entre os dias 1 e 2 de agosto.

Na ocasião, o colegiado deliberou por uma redução de 0,50 p.p. na taxa básica de juros Selic, cortada de 13,75% a 13,25% ao ano.

E agora, o documento tratou de afastar as possibilidades de que um corte de maior magnitude – no caso, 0,75% – possa ocorrer. 

“Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram o ritmo como apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, aponta o material.

Dirigentes apontam que foi unânime a avaliação de que havia evolução do cenário desde a última reunião permitiu acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária.

A redução das expectativas de inflação, assim como das medidas de inflação implícita nos ativos de mercado, reduz o custo da desinflação e tem impacto sobre o juro real, de acordo com os membros do Comitê.

“Notou-se que a reancoragem parcial das expectativas contribuiu para uma redução das projeções no cenário de referência. No entanto, a atualização de algumas variáveis do cenário de referência que afetam a estimativa e as projeções do hiato do produto compensaram esse movimento, fazendo com que as projeções de inflação não diferissem tanto em relação às da última reunião. Após a análise do cenário, todos os membros concordaram que era apropriado reduzir a taxa Selic nesta reunião.”

De acordo com a cata, os membros avaliaram que havia mérito tanto na opção de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual como em 0,50 ponto percentual, num reforço de que, “qualquer que fosse a decisão, era consensual que um cenário com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária”.

Um grupo, vencido por quatro votos a cinco, defendeu uma redução da taxa de juros mais parcimoniosa.

Para esse grupo, a própria sinalização do Comitê já enfatizava a cautela e a parcimônia em tal conjuntura e, na opinião desses membros, não se observaram alterações relevantes no cenário ou projeções do Comitê que justificassem uma reavaliação dessa sinalização.

Outro grupo, vitorioso, considerou que a postura de política monetária em patamar significativamente contracionista permite um início do ciclo já no ritmo moderado considerado para as próximas reuniões, sem detrimento do comprometimento com a meta e a credibilidade da política monetária.

O grupo vencedor, no qual inclui-se o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado, a reancoragem parcial relativamente célere após a definição da meta pelo CMN e a adequação de recalibrar a taxa de juros real em função dos movimentos nas expectativas de inflação.

Avaliou-se ainda que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, num reforço à visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado.

O colegiado julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva.