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Riscos fiscais persistem, alerta Genial Investimentos

Déficit primário acima das expectativas dos analistas sinalizam dificuldades do governo federal para equilibrar as contas públicas, de acordo com o economista-chefe José Márcio Camargo

Da esquerda para a direita: Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente, Lula (PT), ao centro, presidente , e Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente nacional do PT - Marcelo Camargo, Agência Brasil
Da esquerda para a direita: Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente, Lula (PT), ao centro, presidente , e Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente nacional do PT - Marcelo Camargo, Agência Brasil

O setor público consolidado apresentou um déficit primário de R$ 35,933 bilhões no mês de julho, acima das expectativas dos analistas, que apontavam para um déficit primário de R$ 30,850 bilhões. Entre janeiro e julho de 2023, o déficit primário do setor público consolidado atingiu R$ 56,179 bilhões.

De acordo com o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, “além das dúvidas quanto à capacidade do governo de atingir a meta de equilíbrio primário zero em 2024, os dados fiscais da economia brasileira em 2023 têm mostrado um desempenho pior do que o esperado”.

Em julho de 2022, houve um superávit primário de R$ 150,335 bilhões. Entre o primeiro trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, houve uma deterioração do resultado primário da ordem de R$ 206,514 bilhões, mais de 2% do PIB.

Com este resultado, entre junho e julho de 2023, a dívida líquida do setor público passou de 59,1% para 59,6% do PIB, o maior nível desde janeiro de 2021. No mesmo período, a dívida bruta do Governo Geral passou de 73,6% para 74,1% do PIB – o maior número desde novembro de 2022.

Camargo relembra que a última quinta-feira (31) também foi marcada por eventos que corroboraram para uma perspectiva negativa ao equilíbrio fiscal. Um deles foi a aprovação do projeto de lei que mantém a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores econômicos e reduz a contribuição das prefeituras para a Previdência Social. 

Além disso, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), declarou que serão necessários mais R$ 168 bilhões em 2024 para alcançar o déficit zero estimado pela equipe do Ministério da Fazenda.

Em meio às preocupações mencionadas, investidores reagiram negativamente. Houve queda dos preços das ações, forte desvalorização da taxa de câmbio e aumento das taxas de juros futuros, principalmente dos títulos mais longos, que descolaram do comportamento dos mercados financeiros internacionais, uma vez que estes precificaram uma parada no ciclo de aumento da taxa de juros nos Estados Unidos.