Internacional

Por que os preços do petróleo disparam tanto após o ataque de Hamas a Israel?

Territórios não são produtores, mas região do Oriente Médio responde por quase um terço do abastecimento mundial e até 3% do fornecimento pode estar em risco

- REUTERS/Henry Romero
- REUTERS/Henry Romero

Os preços do petróleo dispararam após o ataque do Hamas a Israel, no último fim de semana. A alta se deve às preocupações que tem se instaurado da situação interferir na produção do Médio Oriente.

O petróleo Brent subiu 3,1%, com um aumento de US$ 2,25 por barril, para US$ 86,83, enquanto os preços nos EUA também operam em alta.

Israel e os territórios palestinianos não são produtores de petróleo, mas a região do Oriente Médio é responsável por quase um terço do abastecimento mundial.

Para analistas, é improvável que o conflito tenha qualquer efeito imediato sobre a disponibilidade de petróleo, mas os comerciantes estão preocupados com o perigo de um confronto mais amplo numa das maiores regiões produtoras de petróleo do mundo.

Autoridades de segurança iranianas ajudaram a planejar um ataque surpresa do Hamas a Israel e deram luz verde para o ataque em uma reunião em Beirute na segunda-feira passada (2), de acordo com o Wall Street Journal, no domingo (8). O país negou.

A violência põe em risco a agenda do presidente Joe Biden para o Médio Oriente, de estabelecer relações formais entre a Arábia Saudita e Israel e, ao mesmo tempo, conter as tensões com o Irã.

A capital da Arabia Saudita, Riade, sinalizou aos EUA que estava disposta a aumentar a produção de petróleo para garantir um acordo com Israel, enquanto os Estados Unidos recuaram em algumas ações destinadas a impedir os embarques de petróleo do Irã. 

Os analistas acreditam que as repercussões diplomáticas do ataque do Hamas podem comprimir essas duas fontes adicionais de fornecimento de petróleo.

"O esforço liderado pelos EUA para garantir uma redefinição diplomática abrangente com a Arábia Saudita parece estar numa situação muito precária", disse Helima Croft, chefe de estratégia global de commodities da RBC Capital Markets.

Um porta-voz do Hamas disse à BBC News que o grupo tinha apoio direto do Irã. 

O país negou envolvimento no ataque em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York no domingo (8), informou a Reuters. Mas o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, manifestou apoio ao ataque.

O analista de energia Saul Kavonic disse à BBC que os preços globais do petróleo subiram "devido à perspectiva de uma conflagração mais ampla que poderia se espalhar para as principais nações produtoras de petróleo próximas, como o Irã e a Arábia Saudita".

"Se o conflito envolver o Irã, que foi acusado de apoiar os ataques do Hamas, até 3% do fornecimento global de petróleo estará em risco", acrescenta Kavonic.

Para o analista, cerca de um quinto da oferta global ficaria "refém" se a passagem pelo Estreito de Ormu do Irã, uma rota vital para o comércio de petróleo, fosse interrompida.

O Estreito de Ormuz é crucial para os principais exportadores de petróleo da região do Golfo, cujas economias são construídas em torno da produção de petróleo e gás.

 

As informações são de Wall Street Journal e de BBC News.