Com o bombardeio sofrido em dois dos quartéis israelenses a mando do grupo libanês Hezbollah, na última segunda-feira (9), se instaura uma dúvida a respeito da participação do grupo e do Irã nos conflitos entre Israel e Palestinos.
O movimento extremista do Líbano informou que os mísseis e obuses de morteiro foram direcionados a Israel como resposta à morte de três dos seus membros, vítimas de ataques do estado judeu.
Com isso, o nível de participação do Hezbollah e do Irã na guerra tem despertado o risco de um conflito mais amplo. Segundo o Wall Street Journal, o país iraniano e o grupo apoiaram fortemente a invasão de Israel pelo Hamas.
O jornal ainda afirma que o Irã, que há muito tempo fornece armas ao Hezbollah, ajudou a planejar o ataque do Hamas a Israel.
Para o jornal, o Hezbollah é um inimigo muito mais poderoso do que o Hamas, no entanto, sua entrada na guerra poderia desencadear ataques israelitas diretos, não apenas contra o Líbano, mas também contra o Irã.
Diante deste clima de tensão, os Estados Unidos avisaram ao movimento para não abrir uma nova frente no conflito e alertaram que Washington ajudaria Israel a se defender caso o grupo militante libanês atacasse.
Para os EUA, tanto o Hamas quanto o Hezbollah são grupos terroristas, por isso, desde os ataques do último sábado (7), o país tem direcionado reforços a Israel. Nesta terça-feira (10), irão enviar o grupo de porta-aviões USS Gerald R. Ford.
Inicialmente, Hezbollah garantiu ao governo libanês que não se envolverá em outra guerra contra Israel a menos que Israel “assedie” o Líbano, disse o ministro das Relações Exteriores libanês, Abdallah Bou Habib, ao jornal Asharq al Awsat.
Por enquanto, mesmo enquanto Israel envia unidades de tanques para a fronteira libanesa, o grupo proclama relativa contenção. Incidentes como o bombardeamento de segunda-feira, no entanto, podem acabar por desencadear uma escalada não planeada.
Se o Hezbollah tivesse planeado um ataque em grande escala a Israel, dizem os analistas militares, teria feito mais sentido fazê-lo no sábado, em simultâneo com o Hamas, beneficiando ao mesmo tempo de um elemento surpresa.
No entanto, os analistas acreditam o Hezbollah e os seus apoiantes iranianos também podem estar pensando que seria muito mais vantajoso juntar-se ao conflito mais tarde, uma vez que uma ofensiva terrestre israelita em Gaza causa inevitáveis baixas civis e desencadeia uma onda de indignação pública em toda a região.
“Por que o Irã usaria este cartão agora se ainda poderá usá-lo no futuro?” disse o cientista político saudita Mohammed Alyahya, pesquisador sênior da Iniciativa para o Oriente Médio do Harvard Belfer Center, ao Wall Street Journal.
Sobretudo, Israel e o Hezbollah se enfrentaram em 2006, em uma guerra que deixou mais de 1.200 mortos no Líbano, a maioria civis, e 160 mortos no lado de Israel, em grande parte militares.
Contém informações do Wall Street Journal.