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Petrobras (PETR3)(PETR4) anuncia redução de quase 20% na previsão de investimentos para 2023

Decisão foi atribuída a 'cenário desafiador' enfrentado por fornecedores

- Tânia Rêgo/Agência Brasil
- Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Petrobras (PETR3)(PETR4) anunciou na noite da última quinta-feira (9) uma redução de quase 20% em sua projeção de investimentos para 2023, atribuindo a decisão ao "cenário desafiador" enfrentado por fornecedores, que tem impactado as entregas de equipamentos necessários para exploração e produção de petróleo e gás.

A empresa também revisou, para cima, sua projeção de produção de petróleo e gás para este ano, elevando a média de 2,6 para 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia, devido ao desempenho favorável das plataformas já em operação.

As mudanças foram divulgadas após a apresentação do balanço financeiro da companhia para o terceiro trimestre, que registrou lucro de R$ 26,6 bilhões, representando uma queda de 42,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A nova projeção de investimentos para 2026 foi ajustada de US$ 16 bilhões para US$ 13 bilhões, reflexo do "cenário desafiador enfrentado pelo mercado fornecedor no contexto inflacionário pós-pandemia, que influenciou a capacidade de suprimento da demanda crescente de recursos críticos para a indústria".

O investimento previsto para a área de exploração e produção em 2023 também foi reduzido, passando de US$ 13,3 bilhões para US$ 11,2 bilhões.

Em uma teleconferência realizada nesta sexta-feira (10) para detalhar o balanço, o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras explicou que os desafios decorrem de preços mais elevados, migração de fornecedores para outros setores, escassez temporária de insumos e dificuldades de financiamento. As informações são do jornal Valor Econômico.

Apesar da queda na projeção, a empresa destacou que o investimento de 2023 será 30% superior ao de 2022. No terceiro trimestre, a Petrobras investiu US$ 3,1 bilhões, um aumento de 31% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O diretor Financeiro da companhia, Sérgio Caetano Leite, enfatizou que a estratégia anterior de desinvestimento e concentração apenas na exploração e produção apresentaria riscos para os acionistas.

A gestão indicada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca ampliar investimentos e retornar a segmentos abandonados por administrações anteriores, como petroquímica e energias renováveis.

Um novo plano de investimentos de cinco anos está em discussão no conselho de administração e deve ser divulgado no final de novembro. Apesar de resistências para ampliar investimentos em renováveis, o diretor Financeiro sugeriu que o plano pode incluir orçamento para fusões e aquisições nos próximos anos.

O diretor de Transição Energética, Maurício Tolmasquim, destacou que a Petrobras está analisando projetos de energias renováveis já em operação e em construção, visando antecipar a inclusão de novos segmentos em seu portfólio e garantir receitas mais rapidamente.

Além disso, a estatal pretende focar na produção de combustíveis líquidos renováveis, como diesel e querosene de aviação feitos a partir de matéria-prima vegetal, em resposta às cotas de descarbonização que o setor aéreo brasileiro terá que cumprir a partir de 2027.

Na teleconferência, o diretor financeiro da Petrobras ressaltou que a queda no lucro do terceiro trimestre foi provocada pelo recuo nas cotações internacionais do petróleo e nos preços dos combustíveis no Brasil. No entanto, argumentou que o desempenho da Petrobras foi mais resiliente em comparação com suas concorrentes internacionais, registrando uma queda de 22% no Ebitda, contra a média mundial do setor, que apresentou uma queda de 43%.

"A Petrobras é mais resiliente ao ambiente externo", afirmou o diretor financeiro, destacando ainda que o desempenho é superior ao do segundo trimestre de 2023, quando petróleo e combustíveis estavam mais baratos. "Apesar do cenário externo adverso, a Petrobras segue crescendo", concluiu.