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Destaques: mercados digerem decisões de Fed e Copom

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros nesta quinta-feira, 18 de março

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- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por Geoffrey Smith, da Investing.com – O mercado brasileiro deve reagir à decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, Selic, em 0,75%, acima do esperado pelo mercado, enquanto, nos EUA, os rendimentos dos títulos sobem novamente e pressionam as ações de tecnologia com uma orientação ainda dovish do Fed.

O Banco do Japão pode relaxar o controle da curva de juros na reunião de política monetária, enquanto o Banco Central da Noruega adiantou o prazo para a esperada alta nas taxas.

A luta da Europa pelo fornecimento de vacinas piora e o petróleo cai à medida que os investidores reduzem as apostas na recuperação da demanda.

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na quinta-feira, 18 de março.

1. Movimento nos EUA

A liquidação de títulos de longo prazo americanos foi retomada durante a noite, à medida que o mercado digeria o quão dovish foi a mensagem do Federal Reserve após a reunião de política. O Fed reforçou as suposições de que o subemprego em toda a economia manterá os principais gastos com consumo pessoal, sua medida preferida de inflação, apenas um pouco acima de 2% até 2023.

O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos subiu até 1,75%, o maior desde janeiro de 2020, enquanto o rendimento do título de 30 anos chegou a 2,50% pela primeira vez em três anos antes de voltar a 2,49% às 7h20, horário de Brasília.

O presidente do Fed, Jerome Powell, repetiu que o banco central americano não espera aumentar as taxas até 2024, embora o 'gráfico de pontos' do Fed indique que uma minoria crescente de formuladores de políticas pensa que uma ação será necessária antes disso: 4 dos 18 funcionários do Fed agora prevêem um aumento da taxa em 2022, enquanto sete esperam um em 2023.

2. Bancos centrais começam a se mover

Enquanto isso, no Brasil, a alta maior que a esperada para a taxa Selic pegou os economistas e investidores de surpresa e, segundo alguns deles, deve dar um alívio momentâneo à curva de juros e ao dólar.

Ontem, o comunicado do Comitê de Política Monetária sinalizou as preocupações com a inflação e também uma visão mais positiva com os indicadores econômicos recentes, em particular os do quarto trimestre de 2020.

Outros bancos centrais ao redor do mundo também começam a se mexer: o jornal Nikkei informou que o Banco do Japão pretende ampliar a banda-alvo para os rendimentos dos títulos do governo japonês, permitindo que subam ligeiramente. Já o Banco Central da Noruega disse que pretende começar a aumentar sua taxa básica no final deste ano, antes do previsto.

Espera-se ainda que o Banco Central da Turquia anuncie um aumento na taxa de uma semana.

3. Ações dos EUA devem abrir em baixa; Ibovespa deve ficar mais otimista

O aumento nos rendimentos dos títulos está novamente prejudicando as ações de tecnologia de "longa duração" – ou seja, aqueles cujos fluxos de caixa são distorcidos para datas distantes no futuro.

Por volta das 8h56, os futuros do Nasdaq 100 caíam 1,6%, enquanto os do S&P 500 recuavam 0,65%. Os futuros do Dow Jones, com sua maior ponderação em relação às ações cíclicas, tinha ligeira queda de 0,06%. Já o EWZ, ETF que replica o Ibovespa em Wall Street, tinha forte alta de 1,42%.

As ações que provavelmente estarão em foco mais tarde incluem Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), após o último incidente indicando problemas com seu software Autopilot, e ações bancárias em geral, após o Fed.

Por aqui, analistas disseram ao Investing.com que ações de construtoras devem sentir o impacto com a volta do ciclo de alta da taxa de juros, enquanto os bancos devem ser beneficiados.

4. Desordem da vacina na Europa

A campanha de vacinação do Reino Unido – uma das mais avançadas do mundo – parece estar paralisada, devido a problemas de entrega com a vacina AstraZeneca (NASDAQ:AZN) (SA:A1ZN34) e, mais urgentemente, uma proibição de exportação pela União Europeia.

O secretário de saúde do Reino Unido, Matt Hancock, alertou sobre uma redução acentuada no fornecimento de vacinas na terça-feira, a que fontes da Bloomberg atribuíram aos problemas nas instalações que fabricam o medicamento para a AstraZeneca na Índia. A presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, ameaçou suspender as exportações de vacinas para o Reino Unido.

Von der Leyen também alertou que a UE está à beira de uma terceira onda de infecções por Covid-19. A França e a Polônia registraram o maior número de novos casos desde novembro na quarta-feira, embora a República Tcheca e, em menor grau, a Itália, pareçam estar reduzindo as curvas de infecção novamente.

5. Petróleo cai após a decepção com estoques

Os preços do petróleo bruto continuaram a cair na esteira da avaliação preocupante da Agência Internacional de Energia do balanço de oferta e demanda em seu relatório mensal na quarta-feira. O efeito disso foi amplificado por outro aumento surpreendente na semana dos estoques de petróleo bruto.

Às 09h00, o contrato futuro do petróleo WTI, negociado em Nova York, recuava 0,79% a US$ 64,08 o barril, enquanto o contrato futuro do Brent, referência mundial de preço negociado em Londres, tinha queda de 0,69% a US$ 67,53 o barril.