Por Marcelo Carreira*
O Open Banking, a exemplo do PIX, chegou para revolucionar o mercado financeiro. O sistema, cuja segunda fase está prevista para começar em maio de 2021, a partir do compartilhamento de dados e transações relativas a produtos e serviços já divulgados na fase anterior, desde que com anuência do usuário, promete agora diminuir a distância entre fintechs e bancos tradicionais.
Na prática, as fintechs que, até então concorriam de maneira incipiente com os grandes bancos, podem começar a se aproximar do mercado de concessão de crédito a taxas mais atrativas, principalmente para aquela parcela da população ainda longe do sistema bancário tradicional.
No entanto, a descentralização dos dados financeiros do usuário, principal proposta do Open Banking, não foi projetada apenas para criar produtos ou serviços, mas, principalmente, uma nova experiência ao consumidor. E é nessa categoria que as fintechs e os bancos digitais saem na frente com alguma vantagem.
Uma pesquisa nacional, realizada pela KPMG, revelou que, em 2020, a queda no faturamento do setor financeiro foi entre 10% e 25%. Ao contrário, as fintechs brasileiras cresceram 34% no mesmo ano, segundo uma outra pesquisa da Distrito, empresa que monitora esse mercado.
Os índices, contudo, não necessariamente significam uma disputa entre os dois modelos, nem mesmo a descontinuação do físico, mas uma parceria, já que ambos precisam – e têm espaço – para continuarem coexistindo.
Digitalização bancária
Mas, se é verdade que há mercado para unir o melhor dos dois mundos, também é fato que não será mais factível, daqui a pouco tempo, a exigência de toneladas de cópias de documentos pessoais para realizar serviços simples, como abertura de conta ou solicitações de empréstimo.
Mais do que simplesmente dificultar o acesso ou atrasar a liberação, a principal razão da digitalização bancária não é reduzir a burocracia, mas compreender o contexto de cada demanda para, a partir daí, oferecer um atendimento personalizado, inclusive antecipando variáveis para entregar soluções diferenciadas.
Ainda que as fintechs e bancos digitais saiam à frente quando o assunto é digitalização, as agências físicas, por outro lado, possuem uma quantidade muito maior de dados, bastando apenas que sejam geridos e organizados de maneira que entreguem valor ao negócio.
E, com a chegada da LGPD, essa questão ganha ainda mais relevância, com os usuários mais bem informados e com maior poder de escolha quando se trata de compartilhar ou não suas informações pessoais.
A captura descentralizada das informações, a partir da digitalização, rompe também as barreiras físicas no caso de agências espalhadas entre diferentes localidades, favorecendo uma oferta de serviços baseada em perfis e realidades locais distintas, ultrapassando as fronteiras digitais e alcançando um equilíbrio organizacional e cultural.
*Diretor de marketing da Access