Radar financeiro

Destaques: sanção do Orçamento 2021 no Brasil e aumento nos impostos dos mais ricos nos EUA

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na sexta-feira, 23 de abril

Dólar
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por Geoffrey Smith e Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – O imbróglio do Orçamento chegou ao fim, mas ruídos relacionados à gestão da pandemia e a consequente queda na aprovação do governo Bolsonaro devem ficar no radar. Relatos dos planos de aumento de impostos pelo presidente Joe Biden perturbaram os mercados ontem, mas os futuros americanos recuperam um pouco de compostura nesta manhã.

Os preços das criptomoedas estão caindo, com o Bitcoin recuando para menos de US$ 50.000. O primeiro balanço trimestral de Pat Gelsinger como CEO da Intel (NASDAQ:INTC) foi levemente decepcionante.

A Rússia se torna o último grande banco central de mercado emergente a aumentar as taxas de juros de forma agressiva para conter a inflação.

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na sexta-feira, 23 de abril.

1. Orçamento sancionado; CPI da Covid no radar

O presidente Jair Bolsonaro sancionou, com veto parcial e bloqueio adicional, a Lei Orçamentária de 2021, que fixa as despesas e estima as receitas de todo o governo federal para o ano de 2021. Até a sanção, que ocorreu na noite desta quinta-feira (22), a União vinha executando apenas as ações e programas considerados obrigatórios ou inadiáveis, dentro dos limites do orçamento provisório estabelecido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Do lado político, duas notícias podem ficar no radar dos imbróglios de Brasília: a primeira é a pesquisa Exame/IDEA, que mostrou a maior desaprovação ao governo Bolsonaro desde o início do mandato, em 2019. Agora, 54% das 1.200 pessoas consultadas entre os dias 19 a 22 de abril dizem desaprovar a maneira como o presidente trabalha.

Também pode pesar a entrevista do ex-secretário de Comunicação da Presidência à revista Veja, em que acusa o Ministério da Saúde, sob gestão na época do ex-ministro Eduardo Pazuello, de incompetência e falta de interesse na negociação das vacinas da Pfizer, no segundo semestre de 2020.

A declaração acontece às portas da CPI da Covid no Congresso.

O EWZ, principal ETF brasileiro negociado no exterior, subia 1,13% no pré-mercado em Nova York às 09h13.

2. Mercados instáveis por relatos de aumento de impostos

As ações americanas vacilaram em resposta aos relatos de que a administração dos EUA estaria planejando aumentar os impostos sobre ganhos de capital para os investidores mais ricos no próximo pacote de medidas econômicas.

A Bloomberg informou que a alíquota marginal do imposto sobre ganhos de capital poderia subir para 39,6%, em comparação com a alíquota base atual de 20%, e se aplicaria apenas àqueles que ganham mais de US$ 1 milhão por ano.

O presidente Joe Biden fez campanha no ano passado para uma plataforma de tributação do trabalho e de capital de forma mais equitativa, e os planos para reverter um elemento-chave dos cortes de impostos de seu predecessor em 2017 não foram uma surpresa. No entanto, geraram temores de que os investidores poderiam liquidar as atuais participações em ações no curto e médio prazo para travar em uma taxa de imposto mais baixa sobre seus ganhos.

3. Ações devem abrir em alta; balanços da Honeywell, Kimberly-Clark (NYSE:KMB), Schlumberger no radar

As ações dos EUA devem abrir moderadamente em alta na sexta-feira, uma vez que o mercado recupera um pouco de compostura após o "choque" com relatos de um aumento de impostos iminente.

Às 09h13, os contratos do Dow Jones futuros, do S&P 500 futuros e do Nasdaq 100 futuros subiam respectivamente 0,01%, 0,16% e 0,16%, após quedas de quase 1% na quinta-feira.

A Honeywell (SA:HONB34) (NYSE:HON), Kimberly-Clark (SA:KMBB34) e o grupo de serviços de campos petrolíferos Schlumberger (SA:SLBG34) (NYSE:SLB) lideram a lista de balanços antes da abertura, junto com American Express (SA:AXPB34) (NYSE:AXP) e Royal Caribbean (SA:R1CL34) (NYSE:RCL).

4. Bitcoin abaixo de US$ 50.000 à medida que as criptomoedas se espalham pelo tabuleiro

Os preços do Bitcoin caíram abaixo de US$ 50.000 pela primeira vez desde o início de março, já que as reverberações da queda de energia da semana passada em Xinjiang e temores de aumento de impostos sobre ganhos de capital nos EUA minaram ainda mais o ímpeto da criptomoeda.

Às 09h13, o Bitcoin era negociado a US$ 49.849,7, com cotação mínima de US$ 47.659,4 nas últimas 24 horas. Outros ativos digitais também foram afetados, com o Ethereum caindo 9,7% para US$ 2.296,92 e o XRP perdendo 14,21% para US$ 1,13682. O Dogecoin recuou 8,84% para ser negociado a pouco menos de 24 centavos.

A volatilidade é um novo lembrete das deficiências das criptomoedas em relação às três funções tradicionais de uma moeda: atuar como reserva de valor, meio de troca e unidade de conta. A imagem da classe de ativos sem dúvida não foi ajudada por um blog de pesquisa autônomo publicado pela empresa ARK de Cathie Wood, tentando justificar a intensidade energética da mineração de Bitcoin.

5. Rússia aumenta taxas para conter a inflação

O rublo foi negociado abaixo de 75 por dólar pela primeira vez em um mês, também ajudado por um aumento na taxa de juros maior do que o esperado pelo banco central russo, que elevou a taxa básica de 4,5% para 5%. É o último grande banco central emergente a agir para controlar a inflação, em contraste com os bancos centrais de economia avançada que – com exceção do Canadá esta semana – não têm pressa em retirar a acomodação monetária.

O índice de ações RTS subiu 0,4% para seu maior índice em um mês.