Por Geoffrey Smith, da Investing.com – Os preços do petróleo caíam na sexta-feira (30), após um movimento mais amplo de aversão ao risco nas ações, com notícias de um novo aumento na produção iraniana adicionando razões para travar os lucros no final de um mês forte.
Por volta das 13h16 (horário de Brasília), os futuros do petróleo dos EUA caíam 2,51%, a US$ 63,38 o barril, enquanto o benchmark global Brent caía 2,16%, para US$ 66,58 o barril.
Os futuros da gasolina dos EUA caíam 1,87%, para US$ 2,0644 o galão.
A partir da próxima semana, a Arábia Saudita começará a desfazer o corte voluntário de produção de 1 milhão de barris por dia que estabeleceu em fevereiro, confiante de que a retomada da demanda mundial absorverá os barris extras. Ao mesmo tempo, o restante do bloco Opep+ também abrirá um pouco mais suas torneiras, como parte de um plano para devolver mais 1 milhão de bpd de produção até o final do segundo trimestre.
A Reuters relatou anteriormente em uma pesquisa mensal que a produção de petróleo iraniano havia subido outros 200.000 barris por dia em média em abril, compensando quedas involuntárias de produção em outros membros da Opep, como a Líbia, no decorrer do mês. O retorno do petróleo iraniano ao mercado mundial está ganhando velocidade à medida que a pressão das sanções da era Trump à República Islâmica enfraquece. O Irã é livre para aumentar sua produção porque não está vinculado ao chamado pacto Opep+ de reter o fornecimento do mercado.
Grande parte do aumento da oferta já está contabilizado nos preços, e o mercado vai encerrar esta semana em território positivo de qualquer forma, após sinais de que a economia norte-americana está se recuperando mais rápido do que o previsto inicialmente. Além disso, a persistente aversão ao transporte público no mundo pós-Covid está levando a um aumento desproporcional na demanda por gasolina em muitos países à medida que emergem dos bloqueios e os trabalhadores voltam ao escritório.
"A decisão da Opep+ de manter seu aumento de 2 milhões de bpd no fornecimento de petróleo parece justificada e não deve deprimir os preços", disse Bjornar Tonhaugen, analista sênior do mercado de petróleo da consultora Rystad Energy, em comentários por e-mail.
Ele argumentou que a principal ameaça à trajetória da demanda global – a crise da Covid-19 na Índia – deveria ser facilmente compensada por um fim gradual da pandemia em outros lugares.
"No pior caso, a Índia pode perder metade de seus 4,8 milhões de bpd de consumo de petróleo temporariamente", disse Tonhaugen, também observando a possibilidade de uma lenta recuperação na demanda no subcontinente. "Mas a recuperação da demanda de petróleo da China e dos EUA nos próximos 3 meses estará acima de 1 milhão de barris/dia e eliminará a perda de demanda da Índia."
Ele também argumentou que o resto do mundo poderia adicionar 3 milhões de barris/dia à demanda geral até o final de agosto. Há sinais de que a Europa, pelo menos, está virando a esquina. Dados divulgados na sexta-feira mostraram que a zona do euro voltou a cair em recessão no primeiro trimestre, mas a França disse que pretendia suspender todas as restrições da Covid-19 até o final de junho, enquanto a campanha de vacinação da Alemanha aumentou drasticamente, com mais de 1 milhão de pessoas vacinadas na quinta feira.
Os dados de contagem de sondas da Baker Hughes e os números da Commodity Futures Trading Commission sobre o posicionamento especulativo encerrarão a semana mais tarde.