Por Peterson dos Santos*
Quando comecei a desenvolver produtos de tecnologia, sempre enxerguei o mercado financeiro com ótimas oportunidades de transformação, mas o monopólio das instituições financeiras tradicionais sempre estava lá, e às vezes me perguntava: será que veremos o fim dos bancos?
Fabricio Bloisi, CEO do iFood, disse que em meio à crise atual, causada pela Covid-19, o maior propósito da empresa é fornecer produtos financeiros para auxiliar os restaurantes, tão impactados pela pandemia. E assim, o que nasceu como um aplicativo de serviços e marketplace de estabelecimentos gastronômicos, tornou-se também uma fintech.
Talvez não seja tão claro para os empresários que estão sofrendo nesta crise como uma fintech, empresa que une tecnologia e serviços financeiros, pode trazer inúmeras respostas à altura da pandemia, ameaça que se demora em passar.
Pagamentos "frictionless", sem a necessidade de tocar o cartão de crédito e a maquininha, ou o empoderamento dos vendedores on-line com taxas competitivas, são apenas alguns dos ótimos serviços que foram acelerados no último ano.
Cartões de crédito foram emitidos em larga escala pelos bancos digitais, trazendo milhares de pessoas para o universo dos pagamentos on-line, menos propensos a contaminação.
O mundo das finanças está em rápida transformação, e tem muito mais por vir.
Primeiro veio o PIX, que muitos achavam ser impossível: "Onde já se viu, os bancos vão deixar de cobrar taxas? Cai na hora? Pode ter chave em vários bancos?" – a lista de surpresas foi longa, e a aprovação, um tsunami no comportamento do brasileiro em relação a transferência.
Temos, hoje, uma instituição independente como o Banco Central, que tornou o PIX possível, o que traz solidez para encarar o próximo passo do mercado financeiro nessa transformação: uma inovação ainda maior chamada Open Banking.
Ser dono dos próprios dados financeiros é uma revolução inédita para todo brasileiro, acostumado desde o berço a lidar com, pelo menos, um dos cinco grandes bancos do país.
O monopólio destes gigantes, que têm controle sobre 80% dos bancarizados no Brasil, trouxe uma carga pesada consigo: por falta de competitividade, acabou transformando o brasileiro médio em um mau pagador, que precisa arcar com juros enormes para obter qualquer produto financeiro.
A boa notícia é que a mudança de paradigmas do Open Banking se aproxima a cada dia, graças à tecnologia que vai possibilitar inúmeras novas opções de produtos pensados em você consumidor, desde crédito mais acessível e que busca se adequar ao seu comportamento até serviços que ajudem a gerenciar melhor o seu dinheiro.
E tudo com a segurança que a transformação digital nos trouxe ao longo dos últimos meses, numa "tempestade perfeita" onde a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) embasa e protege o cidadão a cada linha de código criptografada. Assim, a consulta dos dados pode ser realizada apenas com o explícito consentimento do portador, e apenas a empresa solicitante tem direito de acesso.
Dados, afinal, vão muito além da pegada digital que deixamos ao acessar o smartphone. No Open Banking, dados são elevados à condição de super-poderes, que nos aproximam de realizações. Precisam ser respeitados, vistos com mais importância e tratados com extrema segurança.
Novos tempos estão chegando. Assim que descobrirmos, como sociedade, que conseguimos criar novas relações de confiança, controlar melhor nosso dinheiro, decidir por melhores investimentos e taxas, imagine o que pode surgir.
Não sei você, mas este momento é realmente algo a se esperar com um sorriso no rosto – até porque a gente merece.
*Peterson dos Santos é CEO e fundador da Trio.