Nesta segunda-feira (14), o BTG Pactual (BPAC11) publicou um relatório de análise sobre a Petrobras (PETR4) e a BR Distribuidora (BRDT3) mediante duas grandes informações reportadas pelas companhias.
Acordo de coparticipação e venda de participação na BR Distribuidora aceleraram desalavancagem
Na sexta-feira passada, a Petrobras anunciou que deve receber cerca de US$ 2,94 bilhões do acordo de coparticipação recentemente assinado para o campo de Búzios. O valor a ser pago em dinheiro pelas companhias CNOOC Petroleum Brasil Ltda e a CNODC Brasil Petróleo e Gás Ltda trata-se de um reembolso e está acima do valor de US$ 1 bilhão estimado para o contrato pelos analistas do BTG.
O segundo anúncio foi a venda de sua participação remanescente de 37,5% no capital social da BR Distribuidora. Está projetada uma entrada potencial de cerca de R$ 11,5 bilhões com base no preço de fechamento de sexta-feira.
"Desde nosso rebaixamento, argumentamos que isso é fundamental para restaurar a confiança de que a Petrobras continuaria a se tornar uma empresa
mais enxuta e ágil, e que seu caminho de desalavancagem não estava em risco", disse o BTG.
Petrobras deve continuar com precauções antes do ano eleitoral
O BTG avalia que o processo de venda da BR Distribuidora é uma "indicação muito bem-vinda de que nenhuma mudança abrupta na estratégia de alocação de capital da Petrobras está em andamento".
"Juntamente com a forte geração de fluxo de caixa livre subjacente da Petrobras com base nos preços de mercado atuais, a alavancagem da companhia se aproximará da meta de dívida bruta de US$ 60 bilhões: com base no primeiro trimestre, os dois anúncios devem significar uma dívida líquida de US$ 52 bilhões, ou US$ 43 bilhões pelo final deste ano".
"O que sugere que a Petrobras poderia liberar pagamentos de dividendos mais fortes já nos próximos 6 a 12 meses, supondo que use fluxos de caixa para manter sua posição de caixa bruto no nível do primeiro trimestre de $ 12 bilhões", pontuam os analistas.
"Acreditamos que os investidores devem agora voltar sua atenção para a venda de refinarias, que continua sendo crucial para reduzir estruturalmente os riscos do caso de investimento, e que acreditamos que precisa acontecer antes que o cenário político volte suas atenções para as eleições dos próximos anos", alerta o BTG.
O banco pondera que o tamanho da venda da BR Distribuidora – estimada em cerca de R$ 11,5 bilhões – provavelmente impediu os investidores de comprarem totalmente a história de crescimento da BR Distribuidora. "Com uma assembleia geral de acionistas prevista para o segundo semestre, pode ser uma boa oportunidade para os investidores elegerem um novo conselho de administração sem interferência direta ou indireta da Petrobras", afirma o relatório.
Por fim, o material informa a classificação de compra das ações da BR Distribuidora (BRDT3) sem estabelecer preço-alvo.
Quanto a Petrobras (PETR4) (PETR3), a recomendação foi neutra no preço-alvo de até R$ 14,00.
"Nossa principal preocupação, no entanto, é que o tempo está mais escasso do que nunca. E se a venda das principais refinarias não for concluída a tempo, o risco é que o barulho político durante o ano eleitoral que se aproxima pode ser um entrave aqui. Assim, permanecemos neutros à medida que continuamos a ver uma recompensa-risco binária e esperamos que as ações continuem sendo negociadas em níveis de valorização descontados", diz o banco.