Cresce o número de pessoas que esperam contar com aplicações financeiras e com o próprio salário para compor a renda depois de aposentadas, em movimento puxado pela Classe C. Ao mesmo tempo, diminui a proporção de pessoas que esperam contar com recursos do INSS, graças às classes A e B, aponta levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Instituto Datafolha, que ouviu 3,4 mil pessoas.
"Os números mostram que está crescendo o mix de estratégias para a aposentadoria, o que é positivo. Todo o debate em torno do déficit e da reforma da previdência social ainda está vivo na memória das pessoas. Isso explica a maior participação de outras fontes de renda como forma de sustento na aposentadoria", afirma Marcelo Billi, superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima.
Estratégias de renda
Quando ouvidos os brasileiros que ainda não se aposentaram, 48% apontam a previdência social como uma das formas de sustento para quando deixarem a ativa. A proporção tem caído nos últimos três anos: foi de 56% em 2018 e baixou para 51% no ano seguinte.
Já o grupo de brasileiros que apontam o uso de aplicações financeiras como uma das formas de sustento aumentou gradativamente no mesmo período: representava 10% em 2018, subiu para 14% no ano seguinte e alcançou 18% em 2020. Também é crescente o número de pessoas que acreditam que vão viver do próprio salário mesmo depois de aposentados: passou de 21% em 2018 e 2019 para 23% no ano passado. Ambos os movimentos são liderados pela Classe C.
A pesquisa aponta ligeiro crescimento nas citações à previdência privada, mencionada por 9% dos entrevistados como uma das fontes de sustento na aposentadoria, com crescimento em relação aos 7% do ano anterior. Um aumento também puxado pela Classe C.
Expectativa versus realidade
A pesquisa também identificou que a grande diferença de percepção entre aposentados e não aposentados quando se discute a vida financeira.
Enquanto os que já se aposentaram admitem que o padrão de vida piorou e os gastos aumentaram, quem ainda está na ativa projeta uma vida financeira melhor e com gastos estáveis ou em queda.
Quando perguntados sobre as despesas na aposentadoria, 54% responderam que elas aumentaram quando comparadas ao período em que estavam na ativa.
Para a maioria dos que ainda não se aposentaram, a crença é de que as despesas vão se manter (39% têm essa percepção) ou diminuir (19%). E 42% dos economicamente ativos projetam despesas maiores depois de aposentados.
A diferença também aparece quando se fala em padrão de vida: 43% dos aposentados declararam que a vida financeira piorou em relação à que tinham na ativa. Para 35%, a situação agora é melhor e 22% dos aposentados avaliam que mantiveram o padrão.
Entre os entrevistados que ainda trabalham, apenas 22% acreditam que a vida vai piorar depois da aposentadoria. Para 48% deles, o padrão deve melhorar e para 31% a situação deve se manter.
"O maior otimismo dos que ainda não se aposentaram pode ser reflexo justamente da expectativa de viver de outras fontes de renda além do INSS, citada por um número maior de pessoas", diz Billi.
A pesquisa mostrou que cerca de dois terços da população brasileira economicamente ativa pretendem se aposentar entre 50 e 69 anos, ou seja, com uma média de 60 anos. Pouco mais de 20% não sabe responder ou não pensa em se aposentar.
De toda a amostra, 13% são aposentados, o que corresponde a aproximadamente 13 milhões de brasileiros. Já os economicamente ativos são 87%, ou 90 milhões.
Com informações de Advice Comunicação Corporativa.