Embora esteja cada vez mais popular, o mercado de capitais ainda é um mistério para muitas pessoas. Ao ouvir no telejornal que a bolsa “fechou em queda” ou que o Ibovespa atingiu 130 mil pontos é comum se sentir perdido. Será que a bolsa de valores afeta nosso cotidiano?
A resposta mais simples é “sim”, ela afeta. Mas de que forma, se eu nunca comprei nenhuma ação? Essa spacedica mostra para você.
Primeiro é necessário entender de forma geral como funciona o mercado de ações.
Você, um sócio!
Imagine que você seja dono de uma empresa e ela comece a ganhar espaço no mercado. Naturalmente, sua ideia será expandir os negócios, criar filiais em outras cidades, aumentar o número de produtos ou serviços que oferece. Enfim, dar um passo adiante no seu crescimento.
Para ganhar essa “musculatura” pode ser necessário um grande investimento. Uma saída é buscar crédito junto aos bancos ou outras fontes de financiamento.
Porém, caso seja uma empresa com grande visibilidade e que haja interesse do mercado, o caminho natural pode ser “abrir o capital”.
Isso significa que você não vai mais ser o único dono da empresa. O valor dela será dividido em frações as ações -, que serão oferecidas publicamente na bolsa de valores. No Brasil, o lugar para negociação do mercado acionário é a B3.
O processo de abertura de capital segue regras rígidas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e, caso a empresa ofereça as condições adequadas, se realiza um IPO (Initial Public Offering, ou oferta pública inicial).
Segundo a B3, atualmente 400 empresas brasileiras estão listadas e suas ações podem ser compradas por qualquer pessoa, desde que esteja cadastrada em uma corretora, que é a instituição responsável por dar as ordens de compra e venda dos papéis.
Ou seja, não é possível chegar na B3 e pedir ação da empresa X ou Y. Só se negocia na bolsa de valores com essa intermediação, até para a segurança dos investidores.
Agora que você entende o que é a bolsa de valores, vamos descobrir como o seu dia a dia é afetado por ela.
Como funciona o índice Ibovespa
Quando se fala que “a bolsa subiu” ou “operou em baixa”, a referência utilizada para medir esse desempenho é o Ibovespa.
Esse é um índice atualizado a cada seis meses e formado por aproximadamente 60 empresas com o maior volume de ações negociadas na bolsa de valores. Por isso, serve como um termômetro para o mercado acionário.
O Ibovespa tem relação direta com a saúde da economia. Influencia e é influenciado por ela. Como?
De fevereiro a abril de 2020, por conta da chegada da Covid-19 ao Brasil, o Ibovespa entrou em queda acelerada. Entre 21/02 e 21/03, as quedas do índice acumularam 45%. O evento ficou conhecido no mercado como Corona Crash e afetou as bolsas de valores do mundo inteiro.
O que isso significa? Que as maiores empresas do Brasil perderam grande parte do seu valor. Algumas ações chegaram a valer metade, como as da Embraer (código EMBR3) do setor de aviação -, que passaram de R$ 16,96, em 28 de fevereiro de 2020, para R$ 8,65, em 30 de abril do ano passado.
Aquele foi um momento de grande apreensão na economia, que se refletiu na queda assombrosa do índice. É claro que esse exemplo foi fora da curva, afinal, não é sempre que o mundo passa por uma crise sanitária (ainda bem). Poucas vezes na história foram tão dramáticas, mas o exemplo mostra como a bolsa e a economia andam juntas.
Bolsa e indicadores são termômetros da economia
No dia a dia, o Ibovespa mostra como anda o “humor” do mercado em relação às perspectivas da economia, ou de determinados segmentos.
Por isso, quando o governo anuncia ajustes no plano econômico, ou mesmo quando um fato político relevante acontece, os reflexos são imediatos na bolsa de valores.
Mesmo que você não tenha nenhuma ação na sua carteira, ficar de olho nos movimentos da bolsa, da inflação (IPCA) e da taxa de juros, por exemplo, te dará um retrato de como anda a saúde da economia do país.
Afinal, quando as maiores empresas vão bem e indicadores estão controlados é sinal de que a economia está em crescimento. Em um cenário como esse, o desemprego diminui, o consumo aumenta e é mais seguro investir. É bom para todo mundo!