Poupar recursos para a aposentadoria é algo que todo mundo deveria começar a fazer o quanto antes, principalmente na juventude. Porém, ao menos no Brasil, isso não é uma realidade.
De acordo com pesquisa feita este ano pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Banco Central (BC), apenas 4 em cada 10 brasileiros se preparam para a aposentadoria. Isto é, 59% da população não planeja esse momento da vida.
Com a previdência social do governo federal cada vez mais magra e com futuro incerto, garantir a sua renda para poder parar de trabalhar em algum momento não é algo que deve ser deixado para depois.
Até recentemente, era normal que os planos de previdência privada fossem feitos diretamente com os bancos onde as pessoas têm conta, oferecidos quase sempre pelo gerente, figura que tradicionalmente atuava como um “assessor de investimentos” para o público em geral. Contudo, isso mudou de alguns anos para cá. Hoje há muitas opções de investimentos acessíveis para pequenos investidores, tanto em renda fixa quanto variável ou fundos imobiliários.
Nesse contexto, será que os planos de previdência ainda valem a pena? Ou é melhor colocar o dinheiro em outros ativos para alcançar a independência financeira na aposentadoria?
Cada tipo de investimento tem características próprias para determinado objetivo, e todos, de alguma forma, podem ser utilizados para a aposentadoria, inclusive os de previdência, que também são vantajosos.
Reforma da previdência de 2019 – o que mudou?
Por conta do aumento da expectativa de vida dos brasileiros, o governo federal alterou as regras da aposentadoria. São diversas mudanças. Por exemplo: para se aposentarem, as mulheres precisam ter pelo menos 62 anos e os homens, 65. Ambos precisarão contribuir por pelo menos 15 anos e homens que entraram no mercado de trabalho após a lei entrar em vigor – em março de 2020 -, precisarão contribuir por 20 anos. Não será possível também receber acima do teto do INSS, que em 2021 está em R$ 6.433,57.
Se você ainda não está totalmente por dentro das novas regras, o INSS mantém uma página com diversas matérias que explicam em detalhes o que mudou com a reforma da previdência. Confira neste link.
Para conseguir manter o padrão de vida sem depender do governo, as pessoas estão recorrendo cada vez mais aos planos de previdência privada. Segundo a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), em 2020 o setor atingiu o patamar histórico de R$ 1 trilhão em reservas. Em dezembro do ano passado, as contribuições somaram R$ 17 bilhões, 23% acima do mesmo mês em 2019, a despeito dos desafios econômicos enfrentados pelas famílias por conta da crise sanitária da Covid-19.
Fazer um plano de previdência ou investir em outros ativos?
Primeiro de tudo, é importante frisar que os planos de previdência também são investimentos. Seu funcionamento é muito parecido com o de um fundo: diversos investidores que se juntam para criar uma carteira de ativos – que podem ser de renda fixa, variável ou até cotas de outros fundos – para ganhar com sua valorização ou receber dividendos, contando com gestão profissional.
No caso dos planos de previdência, o objetivo (claro) é a aposentadoria. Por isso, os gestores trabalham sempre com mentalidade de longo prazo, mas assim como os fundos, existem planos previdenciários mais conservadores, moderados e até agressivos, em diferentes níveis de rentabilidade e exposição a riscos.
Por que é vantajoso ter um plano de previdência na sua carteira de investimentos?
A maior vantagem de utilizar planos de previdência para a aposentadoria é a questão tributária. Atualmente, existem dois principais tipos: PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). A diferença entre eles é em relação ao modelo de tributação e, consequentemente, a qual o público se destinam.
O PGBL é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda e permite abater valores investidos na previdência, respeitando o limite de 12% da sua renda no ano. O cálculo do valor a ser pago para o leão é em cima do montante acumulado e o pagamento é realizado no momento do resgate, seja ele total ou parcial.
Já o VGBL é para quem faz a declaração simples ou é isento. Nesse caso, o imposto incide apenas sobre o rendimento.
A vantagem está no valor a ser pago. Diferentemente de outros investimentos, após 10 anos a alíquota do IR cobrada dos planos de previdência é bastante atrativa: apenas 10%. Com o Tesouro Direto, por exemplo, o mínimo de imposto cobrado é de 15%.
E esse é exatamente o maior estímulo para quem quer poupar para a aposentadoria, pois só aproveita essa taxa quem realmente não mexer no dinheiro. Caso queira resgatar antes, no caso do PGBL, por exemplo, há uma tabela regressiva do imposto de renda que pode fazer o investidor apressadinho pagar até 35% sobre o valor acumulado. Ou seja: só invista se o objetivo é realmente guardar para quando parar de trabalhar.
Quando ter outros investimentos?
Para outros objetivos (ou até para complementar a aposentadoria) diversifique a carteira com produtos de investimento de acordo com o seu perfil de investidor.