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Como sair de uma vez do cheque especial e nunca mais entrar

Os juros altos dessa modalidade são uns dos piores inimigos do seu bolso

- Emil Kalibradov/Unsplash
- Emil Kalibradov/Unsplash

A pandemia do novo coronavírus trouxe uma série de consequências econômicas para o país. Uma delas e talvez a principal foi o aumento do desemprego e a perda de renda pela maioria da população. Com as dívidas apertando e pouca perspectiva de renda, uma das alternativas encontradas pelo brasileiro é recorrer ao cheque especial.

O cheque especial nada mais é que um “empréstimo” pré-aprovado pelo banco, com limite baseado no perfil financeiro e relacionamento de cada cliente com a instituição.

Apesar de muitas vezes surgir como uma solução temporária para emergências, o uso constante do cheque especial pode fazer a sua vida financeira se tornar uma “bola de neve”.

Os juros do cheque especial estão nas alturas: ficaram em 122,1% ao ano em maio de 2021, uma alta quando comparado com maio de 2020 (116,2% ao ano). Para efeito de comparação, a Selic, a taxa básica de juros do Brasil, está em 4,25% ao ano.
 
Confira quais cuidados tomar ou, caso já esteja em uma situação complicada, como trazer sua vida financeira de volta aos trilhos.  

Cheque especial não é renda extra (e custa caro)

Como já dito acima, a taxa dessa modalidade está em 122,1% ao ano. Isto é, se você usar R$ 1.000 do seu limite, após um ano estará devendo R$ 2.221 para o seu banco.

Como referência, se você investisse o mesmo valor no título mais rentável do Tesouro Direto atualmente (Prefixado com vencimento para 2031), que paga 9,41% ao ano em rentabilidade, após 12 meses você teria R$ 1.094,10.  Ou seja: por mais arrojado e experiente que você seja como investidor, dificilmente chegará perto do quanto os bancos ganham emprestando o “limite da conta” para você.

O argumento das instituições financeiras para cobrar tão caro por essa modalidade é por conta de ser um crédito oferecido automaticamente e sem garantia, o que traria um risco maior de calote. E, mesmo assim, as pessoas usam muito: dados do Banco Central divulgados em abril revelam que, no ano de 2020, as instituições bancárias emprestaram R$ 310,2 bilhões na modalidade. 

Os juros do cheque especial ficam abaixo apenas dos praticados pelas operadoras de cartão de crédito no “rotativo” (o pagamento mínimo), que passa de 300% ao ano, outro vilão de uma vida financeira organizada. Está com problemas com o cartão de crédito? Confira neste texto como transformar esse vilão em herói das suas finanças!

Por isso, nunca se esqueça: o cheque especial assim como o cartão de crédito não é “renda extra“. A partir do momento em que se utiliza o limite, juros e taxas começam a correr em cima do valor emprestado. As somas são alteradas diariamente, inclusive aos finais de semana e feriados. Só utilize caso não haja outra saída!

Dicas para sair do cheque especial

Não existe mágica. Para se livrar do cheque especial, você precisa ter disciplina e planejamento. Confira, abaixo, algumas dicas do que fazer e de como evitar cair no cheque especial outra vez.

Negocie suas dívidas: caso seu cheque especial esteja comprometido por causa de dívidas, procure o credor e tente renegociar os valores. 

Remova o limite do cheque especial: nesse caso, o gerente retira o limite, para de correr juros e o saldo devedor é cobrado como um empréstimo, que você pode pagar parcelado.

Peça um empréstimo pessoal: os juros do empréstimo pessoal costumam ser mais baixos do que os do cheque especial. Peça um valor que dê para cobrir o limite do cheque especial e, ao mesmo tempo, pagar as contas.

Dicas para não cair outra vez nessa armadilha

Fale com seu gerente: peça para diminuir o limite do cheque especial. Com isso, você se previne de gastar além do possível e não volta a ficar no vermelho.

Negocie prazos das suas contas se estiver perto de entrar no cheque especial: muitas vezes, temos contas a pagar, mas, se formos quitá-las, entramos no limite do cheque especial. Nesses casos, procure a empresa ou pessoa que você precisa pagar e peça um prazo maior de preferência, próximo ao dia do seu pagamento.

Livre-se do débito automático: bancos geralmente insistem nessa opção para que correntistas não se enrolem em dívidas, mas, se você não tiver o controle da sua conta atualizado, o resultado pode ser muito negativo.

Mantenha apenas uma conta corrente: geralmente, movimentar contas em mais de um banco tende a nos complicar e nos faz perder a noção dos gastos.