No acumulado do ano, até junho, o agronegócio exportou US$ 61,5 bilhões, e ultrapassou o volume comercializado no mesmo período do ano passado – US$ 50,9 bilhões, o que corresponde a um crescimento de 20,9%. A balança comercial do setor fechou o mês de junho com o saldo positivo de US$ 10,8 bilhões. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"Os exportadores brasileiros começaram a sentir, em junho, a recuperação parcial dos preços médios das exportações da maior parte dos produtos do agronegócio, com destaque para a carne bovina, a soja e o milho", avaliou Ana Cecília Kreter, pesquisadora associada do Ipea.
Os preços médios de quase todas as commodities agrícolas sofreram queda nos dois últimos anos. Entretanto, houve forte recuperação nos preços no mercado internacional, a partir do segundo semestre de 2020. No entanto, esta recuperação não tinha sido percebida pelos exportadores brasileiros.
A partir do segundo trimestre deste ano, as remunerações em dólar das exportações brasileiras começaram a refletir parte da escalada desta alta dos preços, e culminou, em junho, com máximas recentes na maioria dos principais produtos exportados.
Carnes
O crescimento de vendas das carnes (bovina, suína e de frango), que avançou 25,3% em valor e 17,3% na quantidade no primeiro semestre de 2021 frente a 2020, foi impulsionado pela carne suína. O Brasil exporta cada vez mais essa proteína desde 2018, em decorrência da Peste Suína Africana (PSA), que afetou a competitividade em produtores concorrentes.
Soja
A soja segue com destaque como o principal produto de exportação brasileira. Só no primeiro semestre de 2021, houve alta de 25,3% no valor, apesar da queda de 2,2% em quantidade. No país, apesar do plantio tardio decorrente do atraso na janela climática ideal, a maior parte da safra já foi colhida.
Mesmo assim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam para a possibilidade de um novo recorde de produção nacional na safra 2020/2021 – crescimento de 9,65% e 8,9%, respectivamente – que deverá manter o Brasil como maior produtor e exportador mundial de soja.
Brasil, Estados Unidos e Argentina representam, juntos, 90,5% das exportações mundiais do grão.
Milho
O milho sofre com a queda nos estoques. A quebra de safra no Brasil já começa a se refletir na balança comercial: o país registrou, em junho, queda de 70,8% na quantidade exportada na comparação com junho de 2020.
No acumulado do ano, houve crescimento no valor (30,9%) e na quantidade (12,6%).
Tanto a Conab quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) preveem queda das exportações para a safra 2020/2021 – 15,5% e 6,3%, respectivamente.
Problemas climáticos causaram a quebra na safra tanto no Brasil como na Argentina (os principais exportadores do grão), mas isso não deve comprometer a oferta mundial.
Importações
As importações avançaram 20,2% no primeiro semestre de 2021, passando de US$ 6,2 bilhões para US$ 7,5 bilhões.
O principal produto importado pelo Brasil foi o trigo, com avanço de 16% no valor, mas queda de 5,1% na quantidade.
Na sequência estão os peixes, produtos hortícolas, papel e óleos de dendê ou palma. Juntos, os cinco principais itens são responsáveis por 50% das importações brasileiras no primeiro semestre de 2021.
Exportações
A China segue como o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com 39% das exportações em valor, seguida pela União Europeia (14,5%) e Estados Unidos (6,4%), no primeiro semestre deste ano.
Juntos, representam quase 60% do total exportado pelo Brasil. Na comparação com o mesmo período de 2020, a China aumentou as importações em 20,1%, assim como a União Europeia (16,5%) e os Estados Unidos (30,2%).
Com informações da Assessoria de Imprensa e Comunicação do Ipea.