O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano. A decisão foi unânime.
Para a próxima reunião, o comitê disse que pretende realizar outro ajuste da mesma magnitude.
"O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", informou.
O Comitê ressaltou em comunicado à imprensa que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.
Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local poderia produzir uma trajetória de inflação abaixo do cenário básico. "Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país", disse.
Entre as preocupações destacadas pelo Copom está a da variante Delta da Covid-19, que, segundo a entidade, adiciona risco à recuperação da economia global. De acordo com o comitê, ainda há risco relevante de aumento da inflação nas economias centrais.
"Ainda assim, o ambiente para países emergentes segue favorável com os estímulos monetários de longa duração, os programas fiscais e a reabertura das principais economias", escreveu no comunicado à imprensa.
Uma alta dessa magnitude já era esperada pelo mercado. O próprio BC já havia sinalizado na reunião passada que realizaria uma elevação de 0,75 ponto percentual ou até mesmo 1 ponto percentual.
O Itaú BBA e a Ativa Investimentos, por exemplo, divulgaram suas previsões na última semana estimando uma eleveção de um ponto neste encontro do Copom. Para o final de 2021, as duas instituições projetam a Selic a 7,5% ao ano.
A Selic é um instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. Isto é, ao aumentar a taxa, os juros do mercado sobem, desestimulando o consumo da população e, com isso, diminuir a inflação. Na segunda-feira (2), a projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 deu mais um salto. A previsão para o IPCA — o índice oficial de preços — para este ano, foi alta de 6,56% para 6,79%, conforme divulgado pelo boletim Focus.
Além disso, há outras efeitos que impactam os brasileiros: com a elevação da taxa, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros. No mercado financeiro, a tendência é que os investimentos de renda fixa se tornem mais atrativos, uma vez que a rentabilidade de diversos papéis dessa modalidade estão atrelados à Selic.