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Onde investir com a alta da Selic

Renda fixa volta ao radar dos investidores com mais uma elevação da taxa

Onde investir com a alta da Selic

Nesta quarta-feira (4), o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, elevou a Selic em 1 ponto percentual, de 4,25% para 5,25% ao ano. Com isso, a renda fixa volta ao radar dos investidores, uma vez que a rentabilidade dos títulos atrelados à taxa básica de juros, como o Tesouro Direto e o CDB, aumenta.

A renda fixa oferece menor potencial de rentabilidade que a renda variável, mas em contrapartida traz mais segurança aos investidores, já que a possibilidade de perder dinheiro com essa modalidade é quase nula. Dentre os títulos públicos e privados, o recomendado no momento, de acordo com especialistas consultados pela SpaceMoney, é buscar o aporte em investimentos pós-fixados, ou seja, aqueles cuja rentabilidade acompanha a movimentação de algum indicador de referência.

Títulos públicos mais atrativos

O Tesouro Selic é uma opção que pode brilhar aos olhos dos investidores no momento, poia traz a segurança de um tesouro público aliada a um crescimento na rentabilidade, que acompanha a movimentação de alta na taxa de juros. 

Já o Tesouro IPCA+ é outra possibilidade, uma vez que o IPCA está nas alturas: em junho, marcou 0,53%, acumulando alta de 3,77% no ano e 8,35% nos últimos 12 meses. Nesse caso, ele pode servir também como uma proteção contra a perda de dinheiro, pois o título remunera uma parte com a variação da inflação.

Já os títulos com taxas pré-fixadas – aqueles cuja rentabilidade é acordada na hora da compra – não são uma opção atrativa no momento. Isso porque, com o ciclo de altas da Selic, quem investir em taxas pré-fixadas pode acabar perdendo dinheiro. O Itaú BBA e a Ativa Investimentos, por exemplo, apostam em uma Selic a 7,5% ao ano até o final de 2021, um retorno maior que os prêmios pagos atualmente pelo Tesouro Direito pré-fixado.

“Vamos supor que uma taxa pré-fixada pague 6,5% ao ano. Até o vencimento, nós vamos receber essa rentabilidade a cada ano em que estamos investindo nela. Com a Selic a, por exemplo, 7% ao ano, eu estaria ganhando mais na taxa pós-fixada do que na pré-fixada”, explica Rodrigo Beresca, analista de soluções financeiras da Ativa Investimentos.

Títulos privados também atraem olhares

Para quem busca um pouco mais de rentabilidade, existem os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários). Mas, como diz a máxima do mercado, “quanto maior o retorno, maior o risco”. Atrelada a taxas maiores está também uma menor liquidez. No caso do CDB, nem sempre é possível resgatar o valor antes do vencimento, diferentemente do Tesouro Direto, em que é possível resgatar seu dinheiro a qualquer momento.

Há no mercado CDBs que pagam até 125% do CDI (indicador que tem sua movimentação bem próxima à Selic). Caso você decida investir nessa modalidade, você estará “emprestando” dinheiro a uma instituição financeira para ser usado em linhas de crédito.

“Um rendimento que paga 120% do CDI vai render 5,1% ao ano. Vamos supor que a Selic chegue a 7% no final do ano. Com isso, os 125%, que hoje pagam 5,1%, vão passar a pagar 8,4%. Então, a gente vê um aumento de aproximadamente 3%,  que pode ser uma coisa bem atrativa para o investidor”, diz Rodrigo.

O especialista também lembra que um dos riscos do CDB está atrelado à possibilidade de um banco passar por dificuldades financeiras e, até mesmo, declarar falência. Nesse caso, há o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que assegura a devolução do dinheiro do investidor em até R$ 250 mil por CPF por instituição.

Outros investimentos em renda fixa entram na mira

Mais uma alternativa dentro da renda fixa são os debêntures, títulos de dívida emitidos por empresas. O tipo de rendimento, as taxas, o vencimento, o investimento mínimo e as garantias, entretanto, variam conforme a instituição.

Além disso, há também o CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e o CRA (Certificados do Agronegócio), que são títulos securitizados do setor imobiliário (CRI) e do setor agropecuário (CRA). Um dos maiores atrativos desses títulos é a isenção de imposto para pessoas físicas. 

Muitos desses papéis pagam taxas pós-fixadas, ou seja, são beneficiados pelo aumento dos juros. No entanto, o especialista da Ativa diz que antes de investir nessas modalidades é necessário uma atenção maior para as empresas. É importante lembrar também que esses títulos não são cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), aumentando ainda mais o risco para o investidor.

“O investidor que for aportar nesses papéis tem que estar atento ao risco dessas empresas, como está a saúde delas e como elas estão ranqueadas pelas agências de rating. Também deve avaliar a liquidez dos papéis”, afirma.

Fundos multimercado no radar

Outra opção bem interessante no cenário de alta da Selic são os fundos multimercado. Isso porque, por meio desses fundos, o investidor pode se expor tanto à renda fixa, surfando na alta da Selic, quanto à renda variável.

O conceito dos fundos de investimentos passa pela aplicação em diferentes setores e mercados. Isto é, a pessoa à frente da gestão do fundo pode escolher a melhor estratégia que irá compor seu portfólio.

“Os fundos multimercado são uma opção bem interessante. Os gestores têm a liberdade de investirem em vários ativos e estratégias diferentes, de modo a aproveitar as tendências de alta”, conta Beresca. “Se o gestor vir que as taxas pós-fixadas estão bem atrativas, ele vai realocar uma parte da carteira para essas taxas”.