Agenda Econômica

Fique por dentro dos assuntos relevantes da semana de 16 a 20 de agosto

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana

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Por Noreen Burke e Leandro Manzoni, da Investing.com – Os investidores estarão atentos à ata da reunião do Federal Reserve e aos dados mais recentes das vendas do varejo nos EUA para ditar o rumo dos mercados nesta semana, quando uma enxurrada de resultados do varejo vai manter o foco também sobre a força do consumo.

Os dados da China irão trazer uma imagem de como a segunda maior economia do mundo está se comportando com o recuo da variante delta do coronavírus, enquanto a Nova Zelândia parece ser uma das primeiras economias avançadas do mundo a elevar as taxas de juros na era da pandemia.

No Brasil, será mais uma semana conturbada na política, com investidores monitorando sobre os desdobramentos institucionais do país e seus impactos no mercado. E a temporada de balanços chega ao fim.

1. Novos capítulos da disputa entre Bolsonaro e STF; votação da mudança do IRPJ
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que pedirá a abertura de processo de impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes ao Senado em suas redes sociais no último sábado (14).

Bolsonaro alega que ambos "extrapolam com atos os limites constitucionais".

É uma resposta do Palácio do Planalto à derrota do governo do voto impresso na Câmara dos Deputados e da prisão do aliado Roberto Jefferson autorizada por Moraes, relator de uma investigação sobre uma possível organização e o funcionamento de uma milícia digital que dirige ataques à democracia.

Esse foi o último capítulo da disputa entre os Poderes que impactou o desempenho do Ibovespa na última semana.

O principal índice acionário brasileiro teve um recuo acumulado de 1%, mesmo com alta de 0,41% na sexta-feira. A conjuntura política conturbada também reflete na cotação do dólar, que fechou a semana com alta de 0,32% a R$ 5,2466.

O cenário também pesa com incertezas na política econômica.

Após a entrega da Medida Provisória que cria o Auxílio Brasil – que substitui o Bolsa Família sem apresentar tamanho do reajuste e origem dos recursos – e da PEC dos Precatórios – que prevê o parcelamento de dívidas da União em ordens judiciais – na última terça-feira (10), na próxima terça-feira (17), o plenário da Câmara vota o polêmico projeto de lei que altera o Imposto de Renda sobre Pessoas Jurídicas (IRPJ).

Mas há um pequeno alívio: há previsão de três seminários sobre os impactos da Reforma Administrativa, também na terça-feira, na Comissão Especial que avalia a PEC dessa reforma.

O ambiente corporativo também pesou negativamente para o mercado na semana passada, com resultados de algumas empresas vindo abaixo da expectativa.

Após uma semana com grande volume de balanços, essa semana encerra a divulgação dos balanços da maioria das empresas com ações listadas na B3 (SA:B3SA3).

Nesta segunda-feira, os destaques são Méliuz, IRB (SA:IRBR3), Cemig (SA:CMIG4) e Ambipar.

2. Ata do Federal Reserve; Nova Zelândia prestes a subir os juros
Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed) divulga a ata da sua reunião de julho, que será dissecada em busca das opiniões dos dirigentes do banco central sobre o início da desaceleração das compras mensais de títulos pela autoridade monetária, além das suas perspectivas quanto à economia.

No mês passado, os dirigentes do Fed afirmaram que a recuperação estava intacta, apesar do aumento da variante delta do coronavírus e, desde então, o relatório do emprego de julho, mais forte que o previsto, levou vários dirigentes a sugerir que a redução das compras de ativos poderia se iniciar antes do que se imaginava.

"Sei que alguns funcionários do Fed estão se esforçando para que isso aconteça na reunião de setembro, mas isso é muito improvável", disse Jim O'Sullivan, diretor de macro estratégia dos EUA da TD Securities.

"Isso é possível em novembro, se os próximos dois relatórios de emprego forem fortes o bastante, mas as probabilidades são a favor de dezembro como o momento do anúncio formal".

Já no outro lado do Pacífico, mais ao sul, o Banco da Reserva da Nova Zelândia se reúne na quarta-feira e parece pronto a se tornar a primeira grande economia a aumentar as taxas de juros desde o início da pandemia, à medida que sua fortíssima recuperação econômica continua.

Os dados do emprego extremamente robustos cimentaram as expectativas de uma elevação, que seria a primeira da economia neozelandesa desde meados de 2014.

Isso é um nítido contraste com 2020, quando as taxas foram reduzidas em 75 pontos-base para 0,25% e uma movimentação para abaixo de zero se tornou uma possibilidade concreta.

3. Vendas no varejo dos EUA
A economia dos EUA está crescendo de maneira robusta, mas a disseminação da variante delta continua a ser um obstáculo.

Desse modo, os dados econômicos a serem anunciados vão oferecer uma nova perspectiva da demanda dos consumidores, depois que um relatório na última sexta-feira demonstrou que a confiança dos consumidores caiu para o menor nível em uma década.

Os gastos do consumidor representam cerca de 70% da produção econômica dos EUA.

Os investidores estarão atentos aos dados de vendas do varejo dos EUA na terça-feira, para ver se a mudança nos gastos de bens de consumo para viagens, lazer e serviços, que não são refletidos nas vendas do varejo, continuou em julho.

Os economistas preveem uma queda de 0,2%, junto a outra expectativa de queda acentuada nas vendas de automóveis.

Outros indicadores na agenda são a produção industrial na terça-feira e os pedidos iniciais de auxílio-desemprego na quinta-feira, além do índice Empire State de atividade industrial do Fed na segunda-feira e a índice de atividade industrial do Fed da Filadélfia na quinta-feira.

No Brasil, além dos tradicionais Boletim Focus na segunda-feira e Fluxo Cambial Estrangeiro na quarta-feira, a semana será pequena na agenda com divulgações. Na quinta-feira, serão conhecidos os números da arrecadação tributária de julho.

4. Balanços do varejo nos EUA
Os balanços do varejo também podem trazer mais luz sobre a força da demanda dos consumidores na próxima semana, com vários grandes varejistas, como Walmart (NYSE:WMT) (SA:WALM34), Target (NYSE:TGT) (SA:TGTB34), Macy’s (NYSE:M) (SA:MACY34), Lowe’s (NYSE:LOW) (SA:LOWC34) e Home Depot (NYSE:HD) (SA:HOME34).

Ross Stores (NASDAQ:ROST) (SA:ROST34), TJX (NYSE:TJX) e Bath and Body Works (NYSE:BBWI) também divulgarão seus resultados.

Em particular, os investidores estarão em busca de informações sobre como os varejistas têm lidado com o aumento dos preços e a escassez do mercado de trabalho.

Esses resultados chegam no final de uma esplêndida temporada de resultados no segundo trimestre nos EUA.

Espera-se que os resultados do S&P 500 tenham um salto de 93,1%, bem acima das expetativa anteriores de 65,4%, de acordo com a Refinitiv IBES.

5. Recuperação na China
A China, que lida atualmente com seu maior surto de Covid-19 desde o início da pandemia, impôs testes em massa e restrições a viagens, e, assim, travou a atividade econômica.

Na semana passada, vários bancos de investimento de Wall Street, como o Goldman Sachs, reduziram suas previsões de crescimento da China para o resto do ano.

Dados sobre vendas no varejo, produção industrial e investimentos em ativos fixos, divulgados no último domingo (15), irão demonstrar como a economia se saiu em julho.

A recuperação da pandemia tem sido desigual na China – a demanda de exportação impulsiona a maior parte do crescimento econômico, enquanto a demanda interna tem sido retomada de forma mais lenta.