Por Jessica Bahia Melo, da Investing.com – Com a quarta alta consecutiva da taxa de juros básica da economia brasileira e expectativa de que a Selic continue a subir, Luis Garcia, CIO da SulAmérica (SULA3) (SULA4) (SULA11) aponta os fundos de crédito como ativos recomendados neste momento.
Garcia participou nesta segunda-feira do palco “Selic engata novo ciclo de alta, mas o que muda dessa vez?”, do Expert XP, evento online realizado pela Xp Inc (NASDAQ:XP).
Segundo ele, a bolsa vai passar por mais um “teste de maturidade do investidor brasileiro”. “Quando juro real voltar para 4% vai ter outro teste de maturidade. O Brasil era a Disneylândia dos rentistas. Isso vai ser um teste de fogo para ver se os investidores vão continuar a ter bolsa no portfolio”, acredita.
Curva de juros inclinada
O CIO afirma que a expectativa de inflação de longo prazo não está desancorada e os prêmios de risco atuais não estão justificados por uma expectativa de inflação mais alta no futuro.
Segundo Garcia, a combinação do risco fiscal com o risco eleitoral são os principais fatores que interferem neste momento. “Quando olhamos para bolsa, câmbio, commodities e juros; os juros longos são os mais afetados pelo risco fiscal”, reforça.
Credibilidade
De acordo com Garcia, desde o início da crise causada pela covid-19 no ano passado, houve um excesso de estímulos de uma forma nunca vista antes.
A combinação de politica fiscal e monetária expansionistas em algum momento iria causar inflação, mas a expectativa era de que ela fosse transitória.
Para o CIO, quanto maior a credibilidade da autoridade monetária brasileira, potencializada pela independência do BC, maior também a percepção de que o movimento será diferente do ocorrido em 2016.
“A gente, apesar de chegar ao mesmo juro real projetado em 2016, dessa vez é percebido como um ajuste, muito diferente de uma situação de descontrole”.
Garcia pondera que a dívida brasileira está em torno de 85% do PIB atualmente, contra 65% do PIB naquele momento. Mas, mesmo com endividamento mais alto, ele acredita que a credibilidade da equipe econômica do BC é muito maior e, por isso, o mercado vê como menor o risco de um descontrole.