Por Nayara Figueiredo, da Reuters – Os estoques brasileiros de suco de laranja devem alcançar um patamar entre 170 mil e 190 mil toneladas (equivalente congelado e concentrado) ao final da safra 2021/22, queda de até 46% ante o volume de 30 de junho deste ano, após problemas climáticos que afetaram a produção da fruta, disse nesta quinta-feira (16) a CitrusBR.
A projeção consolida uma tendência de queda nas reservas, uma vez que o volume registrado no ciclo 2020/21 já havia passado por uma redução na ordem de 33%, conforme dados da associação de exportadores da bebida.
"A confirmação dessa estimativa irá depender das condições da demanda internacional pelo produto e também das condições do clima que teremos pela frente", afirmou em nota o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.
As principais regiões produtoras de laranja no Brasil foram atingidas por episódios de seca, altas temperaturas e, posteriormenre, por geadas.
Com isso, a safra 2021/22 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro foi estimada neste mês pelo Fundecitrus em 267,87 milhões de caixas de 40,8 kg, volume 9% menor em relação à perspectiva anterior, divulgada em maio.
Se confirmado, o volume ainda ficará ligeiramente mais baixo que as 268,63 milhões de caixas da temporada passada, quando as lavouras também foram prejudicadas pelo clima e tiveram a maior quebra desde 1988.
Embasada pela estimativa do Fundecitrus para a produção, a associação projeta o processamento total de laranja no cinturão paulista e mineiro, na safra 2021/22, em 227,87 milhões de caixas.
Além disso, considerando o rendimento médio estimado de 263,2 caixas por tonelada, a previsão total de produção de suco de laranja no cinturão é de, aproximadamente, 865,8 mil toneladas de FCOJ equivalente a 66º Brix.
Na ponta da demanda, o diretor da CitrusBR disse que o consumo da bebida não está dos mais "pujantes", razão pela qual a entidade espera que a demanda internacional por suco de laranja deva se manter estável, ao redor de 1 milhão de toneladas.
"O ponto que me parece é que não houve um ganho efetivo para as exportações por causa da pandemia", disse ele, ao se referir a uma expectativa anterior de maior consumo de suco de laranja em função do apelo da vitamina C.
"Uma das premissas é que houve uma perda do mercado de food service (tudo o que se consome de suco fora de casa). Ainda assim, os dados do varejo americano, publicados pela Nilsen, ainda estão acima do período pré-pandemia."